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Abin teria sido usada para criar rede de desinformação ligada a núcleo político, diz PF

Relatório detalha atuação de organização criminosa na agência para atacar adversários, influenciar eleições e dificultar investigações

Brasília|Do R7, em Brasília

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Relatório cita live de Bolsonaro no qual ele levantou suspeitas sobre o processo eleitoral Lula Marques/Agência Brasil - 26.03.2025

Relatório da Polícia Federal revela a atuação de uma organização criminosa na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) voltada à produção e difusão de desinformação, com apoio de estruturas estatais e envolvimento direto de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) retirou o sigilo do documento na tarde desta quarta-feira (18).


O material foi elaborado pela Divisão de Operações de Inteligência Cibernética da corporação e detalha como a rede agiu para manipular informações e atacar instituições democráticas.

Identificado como “Núcleo de Produção e Propagação de Desinformação”, o grupo contava com servidores da Abin, assessores da Presidência e integrantes de outros órgãos públicos.


Entre os nomes citados estão Richards Pozzer, Daniel Ribeiro Lemos, José Matheus Salles Barros, Mateus de Carvalho Sposito, Rogério Beraldo de Almeida e Paulo Magno de Melo Rodrigues Alves.

Disseminação em redes sociais

A estrutura operava com coleta ilegal de dados, elaboração de dossiês, montagem de narrativas falsas e sua disseminação em redes sociais e canais controlados.


O sistema First Mile, da própria Abin, e bancos de dados da Polícia Federal, como Cintepol e Infoseg, teriam sido utilizados clandestinamente para acesso a informações pessoais e sigilosas.

O conteúdo gerado incluía ataques ao Judiciário, ao sistema eleitoral e a adversários políticos, como ministros do Supremo Tribunal Federal, parlamentares e jornalistas. Parte das ações mirava diretamente o Tribunal Superior Eleitoral, com a intenção de desacreditar a segurança das urnas eletrônicas.


Um exemplo citado é a live de 4 de agosto de 2021, em que Bolsonaro usou dados de um inquérito sigiloso obtido pela Abin para levantar suspeitas sobre o processo eleitoral.

Além de figuras públicas, servidores do Ibama, auditores da Receita Federal e organizações como agências de checagem, ONGs e grupos jornalísticos foram alvos de monitoramento e campanhas de desinformação.

O relatório também aponta que documentos e conteúdos eram entregues fisicamente a parlamentares aliados, visando dificultar rastreamento digital. Recursos da Abin foram usados para impulsionar conteúdos, enquanto valores seriam repassados a integrantes do grupo como forma de pagamento pelas ações.

Bolsonaro citado como beneficiário e coordenador

O ex-presidente Jair Bolsonaro é citado como beneficiário direto e coordenador das ações. Ele teria orientado estratégias e comandado redes com apoio do filho Carlos Bolsonaro, além de contar com a atuação de assessores próximos, como Tércio Arnaud.

Depoimentos, como o de Mauro Cid em delação premiada, reforçam o vínculo entre o núcleo familiar e a operação, segundo a PF.

A investigação também indica tentativas de obstruir iniciativas institucionais de enfrentamento à desinformação, como o trabalho do Cieed no TSE, para criar um ambiente de confronto entre poderes.

A PF conclui no relatório que o grupo desviou recursos públicos e estruturas de inteligência para fins particulares, visando vantagem política e econômica, com potencial impacto no processo eleitoral e na estabilidade democrática.

A reportagem tenta contato com a defesa dos envolvidos.

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