Alckmin critica BC por aumento da Selic e diz que 'só prejudica economia': 'Discordo totalmente'
Banco Central acelerou ritmo de crescimento da taxa básica de juros, e índice chegou a 12,25%
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O vice-presidente Geraldo Alckmin criticou nesta sexta-feira (13) o Banco Central pelo aumento da taxa Selic e declarou que a decisão “só prejudica a economia e não resolve o problema”. Na quarta (11), a autoridade monetária, de forma unânime, decidiu aumentar o índice básico de juros em um ponto percentual, para 12,25% ao ano. Foi a terceira alta consecutiva desde setembro, e a maior desde maio de 2022, quando o BC também aumentou a Selic em um ponto percentual.
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“Discordo totalmente desses aumentos de taxa Selic”, criticou o vice-presidente, ao comparar a instituição brasileira ao FED, o Banco Central dos Estados Unidos. “Me parece mais centrado. O FED tem duas missões: gerar emprego e controlar inflação. Ele não leva em consideração alimento. Alimento é clima — se o clima está ótimo, não tem seca nem enchente, a safra é grande e o preço cai; se o clima está ruim, a safra cai e o preço sobe Não adianta aumentar juros, não vai chover porque eu aumentei juros. Só prejudica a economia e não resolve o problema, que não é por excesso de consumo”, acrescentou Alckmin a jornalistas, durante agenda em Manaus (AM).
O vice-presidente também declarou esperar que o cenário mude no próximo ano, quando o presidente do BC indicado por Lula, o economista Gabriel Galípolo, assume o comando da instituição. “Espero que no próximo ano, com as mudanças na direção, a gente tenha uma coisa mais razoável, porque isso acaba inibindo investimento, porque precisa tomar capital para poder investir, e o custo de capital fica muito alto”, acrescentou, ao informar quanto a dívida do governo cresce a cada aumento da taxa básica de juros.
“Se a preocupação é de natureza fiscal, pior ainda, porque a cada 1% de aumento na Selic, aumenta R$ 50 bilhões por ano a dívida do governo, o serviço da dívida. Me parece um equívoco”, completou.
As decisões sobre a Selic são tomadas pelo Copom (Comitê de Política Monetária). A determinação de aumentar em um ponto percentual foi alinhada às expectativas do mercado financeiro, que projetava a elevação dos juros. O Copom informou que, a depender da evolução da inflação nos próximos meses, pode promover novas altas de um ponto percentual na taxa.
O novo índice valerá, ao menos, pelos próximos 45 dias, quando os diretores do BC voltam a se encontrar para discutir novamente a conjuntura econômica nacional. A próxima reunião do comitê está marcada para o fim de janeiro.
Em comunicado, o Copom informou que o pacote do governo federal para conter gastos anunciado recentemente “afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”.
O comitê acrescentou que “o cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, dinamismo acima do esperado na atividade e maior abertura do hiato do produto, o que exige uma política monetária ainda mais contracionista”.