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R7 Brasília

Alckmin descarta risco à segurança do G20 após ‘atentado a uma instituição da República’

Explosões na Praça dos Três Poderes deixaram um morto na noite desta quarta; homem tinha 59 anos e era apoiador de Bolsonaro

Brasília|Do Estadão Conteúdo

Prédio do STF após explosões WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO - 13.11.2024

O vice-presidente Geraldo Alckmin descartou risco à segurança da reunião do G20, na semana que vem no Brasil, depois do atentado a bomba na quarta-feira na Praça dos Três Poderes, em Brasília. “Não vejo nenhum problema. Está tudo muito bem encaminhado para o Rio de Janeiro”, disse Alckmin, depois de participar de uma reunião de alto nível na 29ª COP29 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que ocorre em Baku, no Azerbaijão.

Ele classificou o atentado como triste e grave.

“É triste pela perda de uma vida e grave por ser um atentado a uma instituição da República, um Poder da República. É algo que deve ser apurado com extrema rapidez e com extremo rigor”, disse o chefe da delegação brasileira na COP29 e que retorna nas próximas horas para o Brasil, inclusive para participar da reunião do G20.

As explosões na Praça dos Três Poderes, em Brasília, deixaram um morto na noite desta quarta-feira (13). O homem foi identificado como Francisco Wanderley Luiz, que foi candidato a vereador em Rio do Sul (SC) pelo PL em 2020. Ele tinha 59 anos e era morador de Santa Catarina.


Francisco tinha artefatos no corpo e explodiu ao menos duas bombas em frente ao STF. Além disso, teria acionado à distância a detonação de outros artefatos que estavam no porta-malas do carro dele, estacionado no anexo 4 da Câmara dos Deputados. O intervalo entre as explosões nos dois locais foi de 20 segundos.

Antes de explodir a bomba que causou a própria morte, ele tentou entrar no prédio do STF, segundo o Governo do Distrito Federal. A Polícia Civil do Distrito Federal e a Polícia Federal investigam o caso.


A Praça dos Três Poderes está interditada por tempo indeterminado. Segundo a Polícia Militar do DF, todos os principais prédios públicos de Brasília e o aeroporto da capital tiveram o reforço no policiamento.

Após as explosões, integrantes de diferentes forças de segurança se deslocaram à Praça dos Três Poderes para fazer uma varredura no local, incluindo o Esquadrão Antibombas da PM.


Cães farejadores e um robô auxiliaram no trabalho, e foi necessário analisar os artefatos que ficaram no corpo do homem responsável pelas explosões.

Sequências dos acontecimentos

Segundo as primeiras informações sobre o caso, o carro de Francisco Wanderley Luiz foi o primeiro a explodir, por volta de 19h30. Vídeos feitos por pessoas que estavam no anexo 4 da Câmara mostram o momento em que o carro pega fogo, e é possível ouvir estouros que parecem ser de fogos de artifício.

Na sequência, aconteceram as explosões em frente ao prédio do STF, perto da estátua ‘A Justiça’. Francisco Wanderley Luiz acionou ao menos duas bombas em um intervalo de 18 segundos.

Os dois locais das explosões ficam a aproximadamente 450 metros um do outro.

Um segurança do STF que viu a ação de Francisco Wanderley Luiz disse em depoimento à Polícia Civil do DF que o homem chegou ao local com uma mochila e tirou dela alguns artefatos e um extintor.

O segurança teria mantido um breve contato com o autor e relatou que, em certo momento, o homem pediu a ele para não se aproximar e abriu a jaqueta que usava para mostrar a quantidade de explosivos carregava no próprio corpo.

No depoimento, o segurança disse que Francisco Wanderley Luiz lançou bombas em direção ao prédio do STF, mas elas não alcançaram o imóvel porque ele estava muito longe.

Ainda de acordo com o relato da testemunha, a ação de Francisco Wanderley Luiz terminou quando ele acionou a última bomba, a colocou na cabeça com um travesseiro e deitou no chão, até que aconteceu a explosão.

Quem era Francisco Wanderley Luiz

Francisco Wanderley Luiz morava em Rio do Sul (SC). Segundo a Polícia Civil do DF, ele tinha alugado uma casa em Ceilândia, região administrativa que fica a aproximadamente 30 km de distância do centro de Brasília.

A polícia teve acesso a mensagens compartilhadas por Francisco Wanderley Luiz em um aplicativo de conversas nas quais ele antecipava os atos que ocorreram na Praça dos Três Poderes. Nas mensagens, ele manifestava “previamente a intenção em praticar o autoextermínio e o atentado a bomba contra pessoas e instituições”, segundo a investigação policial.

O Congresso apura se o homem teria entrado no prédio do parlamento durante a manhã dessa quarta. A investigação é feita pelo Departamento de Polícia Legislativa. “Eles mencionaram essa suspeita. Eles estão procurando saber se essa suspeita é ou não real. Eles estão ainda checando com as entradas, as pessoas, imagens, estão vendo tudo”, disse o segundo vice-presidente da Casa, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

Esplanada isolada

Após as explosões, a Praça dos Três Poderes foi isolada, e equipes do Esquadrão Antibombas foram acionadas para verificar se havia outros explosivos. As pessoas que estavam com carros estacionados no local tiveram que esperar a verificação para poder retirar os veículos.

No STF, ministros e servidores foram retirados imediatamente do prédio. Na Câmara, a sessão no plenário foi interrompida. Os deputados foram autorizados a sair do local pela garagem.

O expediente na Câmara, Senado e STF foram suspensos na manhã desta quinta (14) para a finalização da verificação de segurança. O Governo do Distrito Federal informou que reforçou a segurança na Esplanada.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse que as forças de segurança estão preparadas para assegurar o funcionamento dos Poderes da República.

Ainda na noite dessa quarta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já estava no Palácio da Alvorada no momento das explosões, se reuniu com os ministros do STF Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin para falar sobre o que ocorreu.

A relatoria do inquérito no STF que vai apurar as explosões ficou com o ministro Alexandre de Moraes. O caso foi enviado a ele por semelhanças com os ataques do 8 de janeiro.

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