Alckmin minimiza reação do mercado financeiro após discurso de Lula
O vice-presidente eleito ressaltou nesta quinta (10) que, no Brasil, o desenvolvimento social não é incompatível com a questão fiscal
Brasília|Bruna Lima e Hellen Leite, do R7, em Brasília
O vice-presidente eleito e coordenador da equipe de transição, Geraldo Alckmin (PSB), subestimou nesta quinta-feira (10) a reação do mercado financeiro diante das negociações da PEC da Transição, que busca tirar do teto de gastos os recursos para pagamento do Auxílio Brasil a R$ 600 e o complemento de R$ 150 por criança menor de 6 anos, prometido por Lula durante a campanha.
Ao ser questionado sobre as oscilações do mercado financeiro, Alckmin disse que a questão fiscal não é incompatível à social. "Não há ninguém que seja contra enfrentar a questão da fome e da pobreza", disse, para justificar a necessidade de abrir espaço fiscal, já que o incremento ao Auxílio Brasil não estava previsto na LOA (Lei Orçamentária Anual).
"O que precisa é a economia crescer. Esse é o fator relevante. E aí é importante o investimento, público e privado, recuperar planejamento no Brasil e bons projetos", completou.
Discurso refletiu no dólar
Em discurso nesta quinta, Lula criticou a reforma trabalhista e a regra que proíbe o aumento de despesas públicas acima da inflação. "Por que as pessoas são levadas a sofrer por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal neste país? Por que falam que é preciso cortar gastos, é preciso fazer superávit, teto de gastos? Por que as mesmas pessoas não discutem a questão social neste país?", disse o petista.
A fala ampliou o mau humor do mercado financeiro. A declaração fez o dólar disparar 3% e levou o Ibovespa, o principal índice do mercado acionário brasileiro, abaixo dos 110 mil pontos pela primeira vez desde o fim de setembro.
Na mínima do dia, às 11h45, o índice acionário marcou 109.765 mil pontos. Às 12h10, a Bolsa operava aos 110.300 mil pontos. No caso da moeda americana, ela oscilou de R$ 5,328 para R$ 5,358 no mesmo intervalo de tempo acima, logo após a fala de Lula.
Ao sair do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede dos trabalhos da equipe de transição em Brasília, Lula também reagiu ao comportamento do mercado financeiro. "Nunca vi um mercado tão sensível. Estranho, porque ele não ficou tão sensível assim nos quatro anos do governo Bolsonaro", disse.