Brasília Anielle Franco pede escolta da Polícia Federal após receber ameaças por usar avião da FAB

Anielle Franco pede escolta da Polícia Federal após receber ameaças por usar avião da FAB

Os textos dos ataques incluem xingamentos, ameaças à vida, tentativas de intimidação e prática de racismo, disse o ministério

  • Brasília | Plínio Aguiar, do R7 em Brasília, com informações da Agência Estado

Anielle Franco pede proteção policial após ameaças

Anielle Franco pede proteção policial após ameaças

Valter Campanato/Agência Brasil - 19.9.2023

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, acionou o Ministério da Justiça e Segurança Pública para pedir escolta da Polícia Federal por causa de ameaças recebidas nas redes sociais e no email institucional desde a viagem que ela fez em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), de Brasília para São Paulo. Ela foi à capital paulista assinar ato contra o racismo no esporte na final da Copa do Brasil. O pedido foi encaminhado à corporação.

Segundo o Ministério da Igualdade Racial, a maioria das ameaças foi feita entre os dias 26 e 28 deste mês. "Os textos dos ataques envolvem xingamentos, ameaças à vida, tentativas de intimidação, prática de racismo e foram reunidos em formato de dossiê contendo os perfis, dias e horas dos envios e postagens para que municiem a investigação e posterior responsabilização dos autores", disse o órgão, em nota.

Compartilhe esta notícia no WhatsApp
Compartilhe esta notícia no Telegram

"É muito doloroso receber ameaças de morte e violência por ser uma mulher na política e perceber que, desde a minha irmã [Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro], nada mudou. Essa investigação é importante para que possamos seguir com o nosso trabalho e a construção das políticas públicas para o povo brasileiro. É para isso que eu trabalho todos os dias", disse a ministra, em nota.

Os ataques violentos começaram no último domingo (24), depois que a ministra viajou de Brasília para São Paulo em um avião da FAB para assinar um protocolo, que tem por objetivo combater o racismo no esporte, com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ela estava acompanhada de assessoras.

O episódio provocou críticas nas redes sociais de parlamentares da oposição e bolsonaristas, que acusaram a ministra de ter usado a aeronave para ver o último jogo da Copa do Brasil, entre o São Paulo e o Flamengo, no estádio do Morumbi. Anielle é flamenguista.

Também estiveram presentes na ação do governo os ministros Silvio Almeida (Direitos Humanos e Cidadania) e André Fufuca (Esporte) — que também usou o avião da FAB para ir ao evento — e o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. O uso de avião da FAB é regulamentado por um decreto presidencial e prevê uma ordem de prioridade: primeiro, em casos de emergência médica; segundo, quando há razões de segurança; por fim, viagens a serviço.

Em nota, após a repercussão do caso, a assessoria do Ministério da Igualdade Racial afirmou que "final da Copa do Brasil foi escolhida para a realização da ação de divulgação pelo alto número de pessoas presentes no estádio e pela grande audiência, típica de uma final de campeonato, independentemente de quais clubes a disputassem". "O voo da FAB foi utilizado para uma missão institucional, como é praxe em deslocamentos para ações ministeriais e de governo, e como uma medida de economia de gastos públicos para locomover as equipes."

Assessora exonerada

Na última terça-feira (26), Marcelle Decothé da Silva foi dispensada do cargo de assessora especial de Assuntos Estratégicos do ministério. A exoneração ocorreu após a divulgação de postagens da ex-servidora nas quais ela debochava da torcida do São Paulo Futebol Clube e dos paulistas.

"Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade... pior de tudo pauliste", escreveu a assessora nas redes sociais, usando adjetivos em linguagem neutra. Marcelle estava com a ministra no avião da FAB e também assistiu ao jogo.

Além dela, outras funcionárias do ministério apareceram em publicações que debocham da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). As declarações repercutiram negativamente, e a ministra telefonou para os presidentes do São Paulo e da torcida Independente para pedir desculpas.

Em nota, a pasta disse que "as manifestações públicas da servidora em suas redes estão em evidente desacordo com as políticas e objetivos do ministério" e que a dispensa de Marcelle foi para "evitar que atitudes não alinhadas a esse propósito interfiram no cumprimento de nossa missão institucional".

Últimas