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R7 Brasília

ANS tinha denúncia de médica da Prevent Senior desde 2020

Senadores apontam omissão da agência. Profissional relatou falta de autonomia médica e obrigatoriedade da indicação do 'kit Covid'

Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília

Diretor-presidente da ANS, Paulo Roberto Vanderlei Rebello Filho, em depoimento à CPI
Diretor-presidente da ANS, Paulo Roberto Vanderlei Rebello Filho, em depoimento à CPI

O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), mostrou nesta quarta-feira (6) uma denúncia enviada por uma médica da Prevent Senior à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em abril do ano passado, sobre falta de autonomia médica e obrigatoriedade da prescrição do chamado 'kit Covid', composto de medicamentos sem comprovação de eficácia contra a doença. A informação contraria alegação do diretor-presidente da ANS, Paulo Roberto Rebello Filho, que disse que a agência só soube de denúncias sobre a operadora após as acusações feitas no âmbito da CPI, recentemente.

Segundo o senador, a profissional fez denúncias em março e maio do ano passado. Depois, voltou a fazer uma denúncia em abril deste ano, e a agência só respondeu em outubro. Após a resposta da ANS, com uma série de questionamentos, a médica enviou mensagens de WhatsApp comprovado as suas denúncias, nas quais ela aponta que havia imposição por parte da operadora de que os "profissionais de saúde prescrevessem determinados medicamentos aos pacientes com Covid-19, restringindo a autonomia médica". 

Uma das mensagens encaminhadas pela denunciante diz: "Importante: nesse minuto, iniciaremos um protocolo para pacientes internados para tratamento do Covid! Quem tiver paciente internado, favor prescrever para todos os casos no momento da internação: sulfato de hidroxicloroquina via oral associado a azitromicina".

Nova mensagem, de março do ano passado, acrescenta: "Todos os pacientes com sintomas gripais e/ou sinais tomográficos sugestivos de pneumonia pelo Covid-19 deverão receber o esquema com hidroxicloroquina". Já outra mensagem, considerada grave por Randolfe, diz que uma médica orienta a prescrição de cloroquina a quem espirrar. "Espirrou, toma. Os resultados estão ótimos. Bora prescrever", diz a mensagem.


O senador ainda mostrou uma mensagem de maio do ano passado na qual uma plantonista não prescreveu hidroxicloroquina a uma paciente com alteração eletrocardiográfica, o que contraindicaria o uso dessa medicação, e um diretor enviou mensagem a outra pessoa para que fosse verificar com um diretor da operadora, que é cardiologista, se ele autorizaria o uso. Segundo o senador, no final das mensagens, mesmo com as advertências, é recomendado que se aplique a hidroxicloroquina.

A Prevent Senior passou a ser um dos focos de apuração da CPI após médicos da operadora fazerem uma série de denúncias, entre elas a de que eram obrigados a receitar o "kit Covid" a todo paciente com suspeita ou confirmação da infecção pelo coronavírus. A advogada do grupo de médicos, Bruna Morato, prestou depoimento à CPI e na ocasião afirmou que a Prevent adotou a disponibilização de medicamentos ineficazes no combate à Covid-19 como uma estratégia de redução de custos.

Segundo ela, a empresa preferia entregar o kit a internar pacientes. "Era uma estratégia para redução de custos, uma vez que é muito mais barato para a operadora de saúde disponibilizar determinados medicamentos do que efetivamente fazer a internação daqueles pacientes que usariam aquele conjunto de medicamentos", afirmou.

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