'Ansiedade' pela quarta dose da vacina não ajuda, afirma Queiroga
Ministro diz que é preciso avançar na aplicação de reforço e que ainda não há evidência científica sobre necessidade de dose extra
Brasília|Lucas Nanini, do R7, em Brasília
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quinta-feira (10) que a expectativa e a cobrança da adoção da quarta dose da vacina contra a Covid-19 não auxiliam no combate à pandemia. Segundo ele, essa aplicação entrará no rol de medidas contra o coronavírus quando a área técnica da pasta reunir evidências de que é necessária para que as pessoas estejam mais protegidas da doença.
“Essa ansiedade em querer aplicar a quarta dose sem evidência científica também não ajuda no enfrentamento da pandemia. É fundamental avançar a dose de reforço, eu tenho dito e reitero”, declarou.
Segundo o ministro, o comitê técnico que apoia a Secovid (Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19) está analisando a aplicação da quarta dose na população com 18 anos ou mais e vai orientar sobre a adoção da medida no momento em que houver indicação de especialistas. O Ministério da Saúde não tem compromisso com a adoção de doses de vacina quando isso "for em desconformidade com o que foi decidido pela área técnica”, disse.
Na última segunda-feira (7), o ministro declarou que o Brasil não deverá aplicar a quarta dose da vacina contra a Covid-19 por enquanto. Ele usou como argumento um parecer do grupo técnico da Secovid que afirma que a "dose de 2022" ainda não seria recomendada. "A secretária Rosana [Leite de Melo, secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde] conversou comigo na sexta-feira passada e disse que o grupo técnico, neste momento, não avalia aplicar a quarta dose. Mas na prática seria a dose de 2022."
Queiroga prosseguiu dizendo que o ministério deve trabalhar para que a campanha de imunização chegue a todos os públicos aptos a receber as vacinas. "O que nós temos são doses, para garantir que todas as doses necessárias que sejam recomendadas pelos técnicos sejam disponibilizadas para a população brasileira."
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São Paulo
Sobre o Governo de São Paulo ter anunciado que poderá aplicar a quarta dose, Queiroga disse que o estado não terá garantia da pasta de que receberá os imunizantes. “Primeiro, não tem evidência científica nem base técnica para fazê-lo no momento. Em segundo lugar, quando se faz em dissonância com o que o Ministério da Saúde recomenda, nós não temos compromisso de entregar doses.”
Nesta quarta-feira (9), o governador de São Paulo, João Doria, declarou que considera conceder a quarta dose, mas que a aplicação não será adotada neste momento. "Não afirmamos que a quarta dose seria aplicada imediatamente. Considerar não significa aplicar, principalmente aplicação imediata. Vacinamos a população todos os anos. Não houve nenhuma afirmativa que será aplicada no curto prazo", disse.
Doria havia dito que poderia adotar a aplicação extra mesmo sem o aval do governo federal. Com as vacinas aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), os entes federados têm autonomia para realizar aplicações.
Após as declarações de Doria, Queiroga afirmou que quem tem feito a compra e distribuição dos imunizantes é o Ministério da Saúde e que as doses são entregues conforme decisões de natureza técnica. "O governador de São Paulo e outros chefes do Executivo, sejam de estados ou municípios, muitas vezes interferem no processo decisório a respeito da imunização. Às vezes são interferências oportunas, mas essas questões devem ser discutidas no âmbito do Ministério da Saúde, que é quem lidera esse processo e tem a obrigação de garantir aos brasileiros esse direito", afirmou Queiroga.
Reforço
O ministro Marcelo Queiroga disse que a cobertura vacinal da terceira dose está em 30% do público apto a receber os imunizantes. Esse número precisa ser ampliado, afirmou o chefe da pasta, que voltou a garantir que há vacinas disponíveis e que é necessário convencer a população sobre sua importância.
“Já temos doses suficientes. Há mais de 70 milhões de doses com estados e municípios. Têm que ser aplicadas como dose de reforço. Essa é a nossa orientação, que temos dado de maneira reiterada”, declarou.