Anvisa incentiva vacinação e diz que benefícios superam riscos
A agência destacou que o monitoramento de efeitos adversos é constante e que a sociedade será alertada sobre eventuais riscos
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
Em meio às falas de autoridades federais que destacam a ocorrência de efeitos adversos das vacinas contra a Covid-19, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) emitiu uma nota, nesta quinta-feira (6), reiterando o papel da reguladora no monitoramento dos riscos e a recomendação da medida preventiva contra a doença.
A Anvisa reforça que mantém a recomendação da continuidade da vacinação com todas as vacinas contra a Covid-19 aprovadas pela agência%2C dentro das indicações descritas em bula%2C uma vez que%2C até o momento%2C os benefícios das vacinas superam%2C e muito%2C seus eventuais riscos
Na nota, a agência detalha todo o procedimento de monitoramento contínuo de cada aplicação e quais as autoridades competentes para fazer os registros, análises e prestar as informações à sociedade. Quando um cidadão recebe a vacina contra a Covid-19, as autoridades locais devem inserir as informações no e-SUS Notifica (sistema gerenciado pelo Ministério da Saúde), bem como realizar a avaliação de causalidade dos eventos adversos pós-vacinação.
Na instância nacional, o Cifavi (Comitê Interinstitucional de Farmacovigilância de Vacinas e outros Imunobiológicos) realiza o papel auxiliar de investigação, análise, classificação segundo a causalidade, encerramento e validação de todos os casos de eventos adversos. O comitê é formado pela Anvisa, pela Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), e pelo INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde).
O laboratório responsável por cada vacina também tem o dever de manter a rotina de avaliação dos imunizantes. "A norma define, ainda, que qualquer alteração no equilíbrio entre os benefícios e os riscos de seus produtos deve ser informada imediatamente à Anvisa, inclusive novos dados que possam existir provenientes de estudos pós-registro", detalha a Anvisa, frisando que "os detentores de registro são responsáveis pelas ações de farmacovigilância."
A agência tranquiliza a população ao ressaltar que "atua de forma ágil para que os eventos adversos pós-vacinais observados e que ainda não constam em bula sejam rapidamente incluídos nesses documentos, bem como para que os eventuais riscos sejam amplamente comunicados à população e aos profissionais de saúde, por meio das estratégias internacionalmente recomendadas".
A nota vem em um momento em que as próprias autoridades governamentais têm ressaltado os riscos das vacinas, ao invés dos benefícios, sobretudo após a aprovação da Anvisa para o uso da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. A apoiadores e nas últimas lives tradicionais de quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro tem reiterado que não vai vacinar a filha mais nova, de 11 anos.
Nesta quinta-feira (6), o chefe do Executivo destacou os supostos efeitos colaterais da vacina e pediu que pais e mães atentem para isso. "Uma das questões que nós colocamos para que você, pai, tem que saber é que a Pfizer não se responsabiliza por efeitos colaterais. E a própria Anvisa também diz que a criança pode sentir falta de ar e palpitações", disse, desconsiderando a responsabilidade da empresa no papel de monitoramento da vacina.
O próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mesmo anunciando a inclusão da faixa etária no PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19), não fez recomendação explícita da vacinação e preferiu frisar aos pais a necessidade de procurar um médico para instruir as famílias sobre a aplicação. Nesta quinta-feira (6), em coletiva no Ministério da Saúde, Queiroga voltou, inclusive, a lembrar o caso da grávida que morreu depois de se vacinar contra a Covid-19.
Na avaliação de representantes das sociedades médicas, quando as autoridades públicas de saúde não fazem instruções explícitas para incentivar a política pública, há a tendência de que haja uma diminuição na adesão à medida. "Quando o ministro vai a uma coletiva e não diz que recomenda, apenas disponibiliza e ainda pede que a população procure avaliação médica, isso gera mais dúvida", critica a médica pediatra Isabella Ballalai, representante da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), na audiência pública que discutiu a inclusão das crianças no PNO.
A própria equipe técnica do Ministério da Saúde, no entanto, reitera os benefícios da vacinação, também de crianças e adolescentes. Em nota técnica enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal), antes da inclusão do grupo no programa de imunização, a secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde, Rosana de Melo, afirmou que a vacinação é segura.
Na nota, Rosana ressalta que testes clínicos foram realizados em milhares de crianças. "Nenhuma preocupação séria de segurança foi identificada." A secretária ainda faz referência ao trabalho da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na análise técnica que autorizou, de "forma rigorosa e com toda a cautela necessária", o uso da Pfizer em crianças a partir de 5 anos.