Após taxação dos EUA, Fávaro diz que buscará novos mercados para exportações brasileiras
Ministro da Agricultura disse conversou com setores que serão mais afetados para buscar ações que minimizem impactos na economia
Brasília|Do R7, em Brasília

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse nesta quinta-feira (10) que vai buscar novos mercados com grande potencial consumidor como uma das alternativas para exportações brasileiras em resposta à taxação de 50% dos EUA sobre os produtos brasileiros. A medida anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começará a valer em 1º de agosto.
Em nota, Fávaro informou que conversou com entidades dos setores mais afetados e que vai buscar ampliar as ações já feitas durante o governo. “Diante da ação indecente do governo norte-americano, em taxar em 50% as exportações brasileiras, já estamos agindo de forma proativa”, disse.
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“Telefonei para as principais entidades representativas dos setores mais afetados, o setor de suco de laranja, o setor de carne bovina e o setor de café, para que possamos, juntos, ampliar as ações que já estamos realizando nos dois anos e meio do governo do presidente Lula: em ampliar mercados, reduzir barreiras comerciais e dar oportunidade de crescimento para a agropecuária brasileira”, acrescentou.
“Neste momento, vou reforçar essas ações, buscando os mercados mais importantes do Oriente Médio, do Sul Asiático e do Sul Global, que têm grande potencial consumidor e podem ser uma alternativa para as exportações brasileiras”, continuou Fávaro.
Segundo o ministro, a busca por novos mercados visa minimizar o impacto na economia brasileira.
“As ações diplomáticas do Brasil estão sendo tomadas em reciprocidade. As ações proativas acontecerão aqui no Ministério da Agricultura e Pecuária, para minimizar os impactos. Aqui, é a casa da agropecuária brasileira. Estamos juntos e vamos superar este momento difícil”, completou o ministro.
Tarifas
Nessa quarta-feira (9), o presidente americano enviou uma carta a Lula anunciando tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros.
As tarifas, segundo Trump, estão interligadas a supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas americanas e à forma como o país tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na declaração, Trump afirma que “a forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro é uma vergonha internacional”.
Para o líder norte-americano, o julgamento e as investigações envolvendo o ex-presidente brasileiro configurariam uma “caça às bruxas” que deveria “terminar imediatamente”.
O republicano também acusou o governo brasileiro de manter uma relação comercial “injusta” com os Estados Unidos, impondo barreiras tarifárias e não tarifárias que, segundo ele, prejudicam as exportações americanas.
Reações no Brasil
A decisão de Trump provocou preocupação generalizada entre representantes da indústria, do agronegócio e do comércio exterior no Brasil, que alertaram para impactos na competitividade, no emprego e na imagem internacional do país.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) afirmou que não há justificativa econômica para a nova tarifa. A entidade defende o fortalecimento do diálogo bilateral para reverter a medida.
A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) alertou que o aumento tornará o custo da carne brasileira inviável para o mercado norte-americano, afetando diretamente as exportações do setor.
A FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), que reúne a bancada ruralista no Congresso, também se posicionou, afirmando que a tarifa tem efeitos diretos sobre o agronegócio, encarecendo insumos importados, pressionando o câmbio e comprometendo a competitividade internacional dos produtos brasileiros. A frente defende uma resposta “firme e estratégica”, com foco na diplomacia.
A AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) classificou a tarifa como um ataque sem precedentes ao Brasil. O presidente-executivo da entidade, José Augusto de Castro, afirmou que a medida é de natureza política e pode afetar a imagem do Brasil no comércio global.
“É uma das maiores taxações já aplicadas a um país, algo normalmente reservado a inimigos estratégicos – o que nunca foi o caso do Brasil”, disse.
Apesar do cenário desfavorável, a AEB acredita que o bom senso pode prevalecer e aposta em uma saída negociada para evitar prejuízos maiores à economia brasileira.
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