Após tratar hemorragia na cabeça, Lula retorna ao Planalto nesta semana
Presidente manteve atividades no Alvorada e no Torto desde o início de dezembro, quando passou por duas cirurgias na cabeça
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retorna ao Palácio do Planalto, local oficial de trabalho da Presidência, nesta segunda-feira (6). Desde dezembro, quando foi submetido a duas cirurgias na cabeça, o petista concentrou as atividades no Palácio da Alvorada e na Granja do Torto, residência oficial e casa de campo da Presidência, respectivamente. Embora longe do Planalto, Lula não chegou a se afastar das funções presidenciais durante o período de recuperação.
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Na volta, o presidente vai ter de se dedicar a dois principais temas: o embate sobre as emendas parlamentares e a discussão sobre uma eventual reforma ministerial (leia mais abaixo). Além das duas cirurgias, o presidente foi submetido a um terceiro procedimento médico no mês passado, para retirada de um dreno na cabeça.
Ele precisou passar pelas intervenções devido à queda sofrida em outubro, em um banheiro do Alvorada. O acidente doméstico causou um corte na nuca de Lula, que precisou de pontos. O episódio levou o presidente a cancelar quatro viagens internacionais.
Em 9 de dezembro, no fim do dia, o petista sentiu mal-estar e fortes dores na cabeça. Ainda em Brasília, foi submetido a exames de imagens, que constaram a necessidade de intervenção cirúrgica. Lula foi então levado a São Paulo (SP) para drenar a hemorragia intracraniana. Dois dias depois desse primeiro procedimento, uma cirurgia complementar foi feita, para evitar novos sangramentos.
Desde então, Lula tem passado por tomografias para monitorar o quadro clínico. Ele ficou internado em um hospital particular da capital paulista até 15 de dezembro e retornou a Brasília quatro dias depois. O último exame, feito em 31 de dezembro, mostrou uma “melhora progressiva condizente com o ótimo estado” de saúde do petista.
Impasse sobre emendas
A falta de consenso entre o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso a respeito das emendas parlamentares, que se arrasta desde agosto de 2024, segue na pauta neste ano. Não houve acordo sobre as regras para a aplicação dos recursos, e nos últimos dias do ano, o ministro Flávio Dino suspendeu todos os repasses, a contragosto do Legislativo.
O Executivo interveio, pediu a liberação de R$ 370 milhões, e Dino autorizou o empenho dos valores, necessários para alcançar o piso constitucional da saúde. Boa parte do montante, contudo, permanece bloqueada. Para o ministro, o Congresso Nacional não cumpriu os requisitos básicos de transparência. Essa negociação prolongada tem causado desgaste político entre os Três Poderes.
Como reação ao embate, os parlamentares deixaram a votação do Orçamento de 2025, que ocorreria em dezembro, para fevereiro. A tendência é que Lula tenha de se reunir novamente para debater o assunto. Em 9 de dezembro, antes de se sentir mal e ser levado ao hospital, o petista estava reunido com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), justamente para tentar chegar a um consenso sobre as emendas parlamentares.
Eventual reforma na Esplanada
Rumores sobre uma eventual reforma na liderança dos ministérios de Lula começaram a circular no início de dezembro, quando o presidente criticou publicamente a gestão do ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social), Paulo Pimenta. A pasta é responsável pela divulgação das ações do governo federal.
“Há um erro no governo na questão da comunicação, e sou obrigado a fazer as correções necessárias, para que a gente não reclame de que a gente não está se comunicando bem”, admitiu Lula durante seminário do PT, em Brasília (DF).
Na fala, o presidente também reclamou da divulgação das ações do Executivo. “Sinto cada vez que viajo, que converso, que atendemos ministros, que não estamos entregando de forma adequada [as ações], para que a sociedade tenha as informações do que estamos fazendo. A partir de 1º de janeiro, não tem mais entrega. A gente vai ter que divulgar corretamente o que nós já lançamos. Alguma coisa precisa ser mudada para que as pessoas tenham acesso àquilo que estamos fazendo. Nós não estamos conseguindo colocar as coisas que estamos fazendo. É uma das minhas preocupações, que quero começar a resolver no início de ano”, afirmou.
Na semana seguinte às falas de Lula, Pimenta declarou no JR Entrevista não acreditar em uma reforma ministerial no governo, embora tenha afirmado que seu cargo está à disposição de Lula e que “ajustes são parte do cotidiano”.
“Nós todos somos cargos de confiança do presidente. E fazemos parte do time dele. Eventualmente, um treinador faz uma mudança tática na posição de um ou outro jogador. Então, eu acho que algum evento que efetivamente pudesse ser caracterizado como uma mudança ou uma reforma ministerial não vai acontecer. Pelo menos, essa é a minha leitura”, destacou, ao apresentador Luiz Fara Monteiro.