Celso Amorim se reúne com embaixador da Argentina no Brasil
Encontro entre assessor de Lula e Daniel Scioli ocorreu nesta sexta-feira no Palácio do Planalto, dias após a eleição de Javier Milei
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, se reuniu na manhã desta sexta-feira (24) com o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, no Palácio do Planalto, em Brasília.
A reunião ocorre dias após a vitória de Javier Milei nas eleições argentinas.
Durante a disputa eleitoral, Milei fez diversas críticas a Lula, que não deve ir à posse argentina, marcada para 10 de dezembro, em Buenos Aires. Como mostrou o R7, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi convidado e vai comparecer ao evento. Bolsonaro está organizando uma caravana de governadores e parlamentares da oposição para acompanhá-lo.
Nesta semana, Lula afirmou que não precisa gostar do presidente da Argentina e de outros países da região. "Ele não tem que ser meu amigo. Ele tem que ser presidente do país dele, e eu tenho que ser presidente do meu país. Nós temos que ter política de Estado brasileira, e ele, do Estado dele. Nós temos que nos sentar à mesa, cada um defendendo os seus interesses. Não pode ter supremacia de um sobre o outro. A gente tem que chegar a um acordo", disse.
A declaração ocorreu um dia após o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta, ter dito que o presidente eleito da Argentina ofendeu Lula "de forma gratuita" e ter cobrado um pedido de desculpas. "Eu não ligaria. Só [telefonaria] depois que ele me ligasse para me pedir desculpa. Ofendeu de forma gratuita o presidente Lula. Cabe a ele, num gesto como presidente eleito, ligar para se desculpar. Depois que acontecesse isso, eu pensaria na possibilidade de conversa", disse o ministro na ocasião.
Apesar de o Brasil ser o principal parceiro comercial da Argentina, Milei afirmou não ter a intenção de manter boas relações com o governo de Lula, a quem chamou de "corrupto", "ladrão", "comunista" e "presidiário". Especialistas afirmam que quem tem mais a perder é a Argentina, uma vez que o Brasil é o maior comprador de produtos daquele país.
Eleições na Argentina
Javier Milei é o vencedor da eleição presidencial argentina. De acordo com os resultados parciais da apuração divulgados pelo governo do país no domingo (19), o candidato, da frente A Liberdade Avança, obteve aproximadamente 14,3 milhões de votos, o equivalente a 55,75% da preferência do eleitorado.
Sergio Massa, candidato da frente governista União pela Pátria, recebeu 44,24% dos votos argentinos (11,36 milhões). Ele se antecipou ao anúncio dos resultados parciais da votação e, antes das 20h, fez um pronunciamento em que reconheceu a derrota. "Já falei com Milei, que é o presidente que a maioria escolheu", afirmou o peronista.
O estilo provocativo marcou a campanha de Milei nos últimos meses e atraiu uma parcela dos argentinos, com críticas à política tradicional e propostas radicais para enfrentar a crise econômica no país, que registrou 142,7% de taxa de inflação em 12 meses, a maior desde 1991.