Assessores ligados a Sóstenes, Jordy e PL movimentaram cerca de R$ 27 milhões, diz PF
Segundo a corporação, deputados são suspeitos de participar da “empreitada criminosa” investigada
Brasília|Rafaela Soares, do R7, em Brasília
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A Polícia Federal afirmou, na decisão que embasou a operação Galho Fraco, deflagrada nesta sexta-feira (19), que assessores ligados aos deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ) movimentaram cerca de R$ 27 milhões de origem não identificada.
De acordo com as investigações, um dos assessores, Adailton Oliveira dos Santos, movimentou mais de R$ 11 milhões, com maior concentração nos anos de 2023 e 2024.
“Parte expressiva dessas transações permanece sem identificação de origem ou de destino, especialmente aquelas classificadas como ‘pagamentos diversos’ e ‘lançamento avisado’”, afirma a PF.
O R7 tenta contato com as defesas, e o espaço permanece aberto para manifestações.
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Santos está lotado na Liderança do PL (Partido Liberal), conforme informações do site da Câmara dos Deputados.
“O conjunto dessas movimentações, marcado por alto volume, repasses ágeis e utilização recorrente de meios eletrônicos de pagamento, mostra-se incompatível com a capacidade econômica declarada do titular, considerando-se seu vínculo funcional e contexto familiar.”
Outro citado é o assessor de Jordy, que teria recebido mais de R$ 5 milhões. “O volume e a natureza das transações revelam incompatibilidade com a capacidade econômica ostensiva de Itamar Sousa Santana, impondo aprofundamento da análise”, pontuou o PF.
Bolos de dinheiro
A PF (Polícia Federal) encontrou, nesta sexta-feira (19), maços de dinheiro escondidos em sacos de lixo na casa do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) durante uma operação que investiga supostos desvios de recursos das cotas parlamentares. As informações foram obtidas pela colunista do R7 Natália Martins
Divulgação/Polícia Federal – 19.12.2025
Valores
Segundo a Polícia Federal, uma empresa de fachada teria recebido, nos últimos cinco anos — entre janeiro de 2020 e abril de 2024 — R$ 214 mil pagos pelo deputado Carlos Jordy e R$ 192,4 mil, pelo deputado Sóstenes Cavalcante.
“Comparando o tamanho da frota de veículos das empresas que prestam serviços de locação aos parlamentares no Rio de Janeiro — onde mantêm suas bases eleitorais — com a frota da empresa investigada, verifica-se uma discrepância, uma vez que ela possui apenas cinco veículos, enquanto as empresas do setor no Rio de Janeiro costumam ter frotas superiores a 20 veículos”, detalhou a PF.
Grupo familiar
Segundo a Polícia Federal, o grupo familiar Souza Santana seria o responsável por operações envolvendo movimentações financeiras suspeitas ligadas a uma empresa de locação de veículos.
No período entre 11 de janeiro de 2024 e 8 de fevereiro de 2024, foram identificadas diversas conversas nas quais integrantes do grupo realizam cobranças relacionadas ao pagamento “do carro” e “da locadora”, acompanhadas do envio de nota fiscal emitida em nome da empresa.
“Os diálogos deixam evidente que os fatos dizem respeito ao contrato de locação firmado com a referida empresa, verificando-se, mais uma vez, que parte dos valores era transferida via bancária para a conta da empresa, enquanto outra parte era entregue em espécie diretamente ao assessor”, relata a PF.
Além disso, há menção expressa a valores destinados ao “deputado”, conforme trecho de mensagem: “Ele está de férias… mandei para ele pagar umas coisas… disse que ia pagar na semana, não sei o quê, aí fica difícil”.
Também há referência a pagamentos “por fora”: “Segunda-feira o deputado vai vir, aí eu vou ver com ele para pagar o outro por fora, tá bom? Na segunda-feira tá todo mundo aqui, eu vou ver com ele”.
A Polícia Federal informou ter obtido prints das conversas, mas as imagens não foram divulgadas.
Conversas
Mensagens trocadas entre Itamar e Adailton, nos dias 14 e 15 de agosto de 2024, mostram uma nova cobrança de valores. Nas conversas, Itamar questiona a dificuldade para receber “uma diferença” referente ao contrato de locação de veículo com o deputado Sóstenes Cavalcante.
“E aquela diferença lá, irmão, não conseguiu ver com ele?” e “Pô, ele sempre pagou esse negócio direitinho e agora não pagou dessa vez? Até agora? Não é possível”, diz um dos trechos.
Com base nos elementos reunidos, a PF afirma que é possível inferir, ao menos em tese, a participação voluntária e consciente do parlamentar na empreitada criminosa investigada, consistente no desvio de recursos públicos por meio de contratos de locação.
O que dizem os citados
Por meio das redes sociais, Jordy classificou a ação da PF como “perseguição implacável.”
Já o deputado Sóstenes Cavalcante, em coletiva de imprensa realizada no início da tarde desta sexta-feira (19), negou as acusações sobre supostos desvios de recursos públicos. Ele criticou a operação da PF e afirmou que o dinheiro encontrado em sua casa é lícito e proveniente da venda de um imóvel.
“Dinheiro de corrupção não aparece lacrado. Quem quer viver de dinheiro de corrupção bota em outro lugar. Vendi um imóvel, o imóvel me foi pago com dinheiro lícito, lacrado”, garantiu.
“Não tem nada de contrato ilícito, nada de lavagem de dinheiro[...]. Essa investigação é mais uma investigação para perseguir quem é da oposição, quem é conservador, quem é de direita”, acrescentou.
A reportagem tenta contato com os demais citados, e o espaço segue disponível para manifestações.
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