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R7 Brasília

Ataque deixa 10 indígenas Guarani e Kaiowá feridos em Douradina

Três indígenas estão internados em Dourados. Força Nacional acompanha caso

Brasília|Thays Martins, do R7, em Brasília


Pelo menos 10 indígenas ficaram feridos Apib/ reprodução - 3.8.2024

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) denunciaram um ataque violento contra indígenas Guarani e Kaiowá, neste sábado (3). O ataque aconteceu na Terra Indígena Lagoa Panambi, em Douradina, Mato Grosso do Sul.

Informações do Cimi deste domingo (4) é que três indígenas estão internados no Hospital da Vida, em Dourados (MS). Um deles, de 17 anos, levou um tiro no pescoço, outro, de 20 anos, sofreu um disparo na cabeça e um de 16 anos foi atingido por disparos na cintura e nas nádegas. Ao todo, dez indígenas ficaram feridos, incluindo uma idosa atingida por bala de borracha.

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Vídeos mostram o momento em que os indígenas tentam se salvar do ataque. “Estão atirando no pescoço das pessoas. Tem muitas crianças e idosos no local e até o momento recebemos informações de que há pelo menos dez feridos”, diz o Cimi.

O MPF (Ministério Público Federal) investiga o ataque. A Força Nacional tinha sido acionada para a região no sábado (3) quando produtores rurais tentaram retirar indígenas de uma área chamada de Pikyxyin e Kurupa’yty. Segundo o Cimi, as agressões começaram após a saída dos agentes. Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Força Nacional tem intensificado a presença na região desde o início de julho, onde permanece até o momento. O confronto ocorreu no início da tarde, no momento em que a Força Nacional fazia o patrulhamento em outra área da mesma região.


De acordo com a pasta, a situação na Terra Indígena está controlada. “Assim que acionada, a FN chegou no local e cessou o confronto, quando iniciou o diálogo com os dois grupos e acionou o MPI e MPF”, disse.

O Ministério dos Povos Indígenas informou que uma equipe da pasta, da Funai e do Ministério Público Federal está no território para prestar suporte de saúde e para garantir a segurança dos indígenas. “O MPI repudia a violência contra os indígenas Guarani Kaiowá. Vale ressaltar que as retomadas estão sendo realizadas em território já delimitado pela Funai em 2011. O documento segue válido, porém, o andamento do procedimento demarcatório se encontra suspenso por ordem judicial”, diz a nota.


O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania também disse em nota que acompanha a situação da região. “A equipe do ministério está no local e empregou esforços para que os feridos fossem resgatados e as violências cessassem. Desde julho, o Ministério dos Direitos Humanos atua em coordenação com o Ministério dos Povos Indígenas, com a Fundação dos Povos Indígenas (FUNAI), com o Ministério da Justiça e Segurança Pública e demais órgãos na Sala de Situação instalada pelo Governo Federal”, disse.

Acampamento do MST é incendiado

Neste domingo (4), um acampamento do MST (Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra) foi incendiado, em Dourados. Não houve feridos. Segundo o Cimi, o ataque foi uma retaliação por representantes do acampamento estarem apoiando os indígenas.


Tensão na região

A Terra Indígena Panambi Lagoa Rica foi reconhecida em 2011 e se encontra em última fase de demarcação, mas o processo está parado por uma ação judicial no Tribunal Regional Federal (TRF3). Nas últimas semanas, os indígenas denunciam que a situação na região tem ficado mais tensa, desde que fazendeiros montaram um acampamento em frente aos barracos dos indígenas.

Na segunda-feira (29), mais de 30 entidades manifestaram, em carta, apoio ao povo Guarani Kaiowá. “Se eles inventam novas formas de violações, nós também inventamos novas formas de lutas, estar presente na retomada, levando não apenas doações materiais, mas presença humana, que soma na luta, no mesmo dia que os Guarani e Kaiowá podem ser despejados, com todo o aparato policial do estado, é uma forma de dizer que não aceitamos mais o genocídio, que direitos não se negociam, se cumprem, que lutar pela demarcação não é crime, que o Agronegócio mata e deve ser responsabilizado e não indenizado!”, diz o documento.


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