‘Até pensei em correr e chutar a bomba', diz homem que saiu do STF no momento das explosões
Consultor agrário de Cuiabá e a esposa tinham saído de uma reunião no STF quando cruzaram com homem que explodiu bombas na Praça dos Três Poderes
Brasília|Kristine Otaviano e Leonardo Meireles
Um vídeo feito pelas câmeras de segurança do STF (Superior Tribunal Federal) mostram o momento em que Francisco Wanderley Luiz se aproxima do prédio e joga bombas no local (veja vídeo abaixo). Naquela hora, além de policiais e seguranças do Supremo, é possível ver um casal que passa bem perto.
Eram Roberto Pita, um consultor agrário de Cuiabá, e sua esposa. Eles tinham vindo tratar de problema fundiário na Corte e desceram a rampa exatamente na hora em que o ex-candidato a vereador começou a jogar os artefatos.
Pita conta que saíra pela rampa e estava chovendo. Mesmo assim, o barulho do que ele chamou de “foguetório” chamou a atenção dos dois.
“Quando a gente se aproximou da estátua, veio a pessoa. Ele veio na nossa direção", lembra o consultor. Nesse momento, Francisco jogou a primeira bomba para o lado da estátua da Justiça. Quando o artefato explodiu, a esposa de Pita saiu correndo para o carro, que estava estacionado muito próximo.
O consultor decidiu ficar parado e só correr se o homem fosse atrás da mulher.
“Ele acendeu a bomba, deitou no chão e pôs a bomba perto dele. Naquele momento, eu até pensei em correr e chutar a bomba. Aí, algo veio e falou: ‘Corre’. Eu corri", conta Pita. Segundo ele, Francisco parecia “uma pessoa revoltada. Falava alguma coisa, olhava para o STF, olhava para a estátua", detalhou.
Confira a entrevista do consultor:
Boletim de ocorrência
O boletim de ocorrência sobre o atentado revela detalhes do depoimento de uma testemunha, um segurança do local. Segundo o registro, Francisco Wanderley Luiz “deitou no chão, acendeu o último artefato, colocou na cabeça com um travesseiro e aguardou a explosão.”
De acordo com o relato da testemunha, Francisco permaneceu próximo à estátua A Justiça, portando uma mochila e exibindo comportamento suspeito. O segurança informou que o homem pegou uma blusa e a lançou sobre o monumento, para em seguida retirar artefatos de sua mochila.
Diante da movimentação, a testemunha decidiu se aproximar, momento em que Francisco rasgou sua camisa, exibindo um objeto que o segurança interpretou como uma espécie de bomba. Em seguida, o suspeito se dirigiu para a lateral, onde lançou dois ou três artefatos que explodiram.
Depois, o segurança disse que Francisco deitou no chão, acendeu o último artefato, colocou na cabeça como se fosse um travesseiro e ficou esperando a explosão. A testemunha não soube informar se outras pessoas estavam envolvidas no atentado.