Ato em Brasília tem discurso contra STF e 'ultimato' de Bolsonaro
O 7 de Setembro na capital teve manifestações a favor e contra o presidente, solenidade na Alvorada e duas prisões
Brasília|Lucas Nanini, Sarah Teófilo, Maurício Ferro e Renato Souza, do R7, em Brasília
A manifestação em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, realizada nesta terça-feira (7), feriado da Independência, em Brasília, teve milhares de pessoas reunidas na Esplanada dos Ministérios em Brasília, tentativa de furo ao bloqueio policial e uma pessoa ferida. O grupo pró-governo criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e levou faixas contra o comunismo e a favor do voto impresso, O ato também teve discurso de Bolsonaro, que classificou o movimento como um “ultimato a todos que estão na Praça dos Três Poderes”.
O presidente criticou prisões de conservadores nos últimos dias e fez críticas aos ministros do STF, dizendo que o "Supremo Tribunal Federal perdeu as condições mínimas de continuar dentro daquele tribunal". "Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse Poder enquadra os seu sou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos, porque valorizamos e sabemos o valor de cada Poder da República. Nós todos aqui juramos respeitar a nossa constituição, quem age fora dela ou se enquadra ou pede pra sair", disse.
Bolsonaro também disse que se reunirá com o Conselho da República nesta quarta-feira (8) jutamente com os ministros e os presidentes da Câmara Federal, do Senado e do STF. O presidente disse que levará uma fotografia mostrando o apoio da população e que vai "mostrar para onde nós todos devemos ir".
"Cada um de nós deve se curvar à nossa Constituição. Temos essa obrigação. Se queremos a paz e harmonia, devemos nos curvar à constituição", completou o presidente. "Peço que me ouçam hoje às 16h na paulista, como chefe do executivo seria mais facil ficar em casa, mas como sempre disse: sempre estarei onde o povo estiver."
Ato na Esplanada
Manifestações a favor e contra Bolsonaro aconteceram em pontos diferentes do Eixo Monumental. O grupo pró-governo se reuniu na Esplanada dos Ministérios, os contrários se concentraram na Torre de TV.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), duas pessoas foram presas na Esplanada. Em uma das ocorrências, os PMs detiveram um homem por portar drogas e quatro celulares. Ele foi conduzido à 5ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte. Outro suspeito foi encaminhado ao Departamento de Polícia Especializada (DPE) por porte de drogas e de arma branca.
Os manifestantes a favor do presidente chegaram cedo à Esplanada dos Ministérios. Antes das 6h já havia apoiadores no gramado central e na via S1 do Eixo Monumental. Boa parte dos presentes não usava máscaras de proteção contra a propagação do coronavírus.
Dezenas de caminhões e ônibus estavam no local. Os manifestantes também estenderam faixas ao longo do canteiro central e às margens das vias S1 e N1.
Milhares de pessoas foram ao ato vestidas de verde e amarelo e levando bandeiras do Brasil e outros símbolos nacionais. Houve quem levasse faixas de apoio ao presidente, defendendo o voto impresso e criticando o Supremo Tribunal Federal (STF).
Um princípio de tumulto ocorreu quando participantes do ato tentaram romper o bloqueio feito pela Polícia Militar nas proximidades do Palácio do Itamaraty, que impedia a chegada dos manifestantes às proximidades do STF. Houve explosões e uma mulher se feriu.
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Veículos oficiais da PM se posicionaram logo depois da Rodoviária do Plano Piloto para fazer a contenção de veículos. Só os carros da corporação passaram.
Policiais revistaram mochilas e impediram o acesso de pessoas portando vidro, material em madeira e suportes plásticos de bandeiras. Apesar disso, algumas pessoas conseguiram passar. Um homem utilizando adereços do tipo passou sob alegação de que é policial comunitário em Santa Catarina. Também deixaram uma mulher passar com dois pedaços de pau.
Um manifestante foi pego com um saco de pedras na revista, na entrada da Esplanada dos Ministérios. Os próprios participantes avisaram sobre uma mulher que estava com o material. A pessoa descartou as pedras antes de entrar na área da manifestação.
O trânsito no Eixo Monumental, no acesso à Esplanada dos Ministério, teve desvio pouco antes da Rodoviária do Plano Piloto. Os carros precisavam seguir para a via S2. Para se dirigir até a L4.
O acesso à via S2 seguiu fechada da Catedral de Brasília até a Procuradoria-Geral da República. Os ônibus tiveram acesso à via N1, do Eixo Monumental, bloqueado.
Contra Bolsonaro
A poucos quilômetros de distância da Esplanada, manifestantes contrários ao governo Bolsonaro se concentraram para pedir o impeachment do presidente. Vestindo blusas vermelhas, usando faixas, cartazes e bandeiras, o grupo permaneceu nas imediações da Torre de TV.
O ato teve grupos musicais usando tambores e um carro de som. Carros da Polícia Militar faziam a segurança no local e impediam que grupos contrários tivessem acesso.
Solenidade
Antes de se juntar aos apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro esteve em uma solenidade pelo 7 de Setembro nas proximidades do Palácio da Alvorada. A cerimônia contou com hasteamento da Bandeira Nacional e teve a presença de políticos e autoridades, como o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR).
Bolsonaro chegou ao evento no Rolls Royce presidencial, que foi conduzido pelo ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet. A Esquadrilha da Fumaça também participou da programação.
Pouco antes da solenidade na Alvorada, Bolsonaro disse que o país “não pode continuar refém de uma ou duas pessoas, não interessa onde elas estejam”. A fala foi direcionada aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que têm sido criticados frequentemente por Bolsonaro.
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“Esta uma, ou duas pessoas, ou entram nos eixos ou serão simplesmente ignoradas da vida pública. Este é o meu trabalho. Vou continuar jogando dentro das quatro linhas, mas a partir de agora não admito que outras pessoas, uma ou duas, joguem fora das quatro linhas. A regra do jogo é uma só: respeito à nossa Constituição, liberdade de opinião e sempre tendo a nossa Constituição e a vontade popular acima de tudo”, disse o presidente.
Outras manifestações
No Twitter, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, comentou a data e criticou uma volta ao passado. Barroso faz referência ao voto impresso, uma das bandeiras dos manifestantes pró-governo nesta terça-feira. "Eleições livres, limpas e seguras. O amor ao Brasil e à democracia nos une", afirmou.
“Brasil, uma paixão. Brancos, negros e indígenas. Civis e militares. Liberais, conservadores e progressistas. Desde 88, a vontade do povo: Collor, FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro. Eleições livres, limpas e seguras. O amor ao Brasil e à democracia nos une. Sem volta ao passado”, postou Barroso.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), também usou o Twitt para defender o estado democrático de direito. "Ao tempo em que se celebra o Dia da Independência, expressão forte da liberdade nacional, não deixemos de compreender a nossa mais evidente dependência de algo que deve unir o Brasil: a absoluta defesa do Estado Democrático de Direito."