Auditor do TCU é suspenso por 45 dias por 'relatório paralelo' da Covid
Estudo, que foi citado por Bolsonaro, apontou uma suposta supernotificação no número de mortes por Covid-19
Brasília|Lucas Nanini, do R7, em Brasília
O Tribunal de Contas da União (TCU) afastou por 45 dias o auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, por ter elaborado um relatório apontando que o número de mortes no Brasil seria menos da metade do realmente computado. O estudo chegou a ser citado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A decisão é de 10 de setembro e foi publicada no Boletim do TCU (BTCU) desta segunda-feira (13). A comissão que analisa o caso aplicou a penalidade de suspensão “sem possibilidade de conversão em multa e com pleno afastamento de suas atribuições”.
O levantamento elaborado pelo auditor e citado por Bolsonaro em junho foi depois desmentido pelo TCU. De acordo com o relatório, haveria uma supernotificação de casos de Covid-19 no país. O documento apontava que apenas quatro em cada dez óbitos (41%) registrados por complicações da doença seriam efetivamente resultado da contaminação pelo novo coronavírus.
Bolsonaro afirmou posteriormente que errou ao fazer a declaração. O TCU indicou que o texto seria uma análise pessoal de Alexandre Marques.
No dia 9 de junho último, o servidor foi afastado da supervisão da auditoria por 60 dias. Dois dias depois, a presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), ministra Ana Arraes, criou uma comissão para apurar o caso envolvendo Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, em agosto último, o auditor assumiu a autoria do documento e disse que produziu o levantamento internamente, que não era um conteúdo oficial do TCU. Marques também reconheceu que não era possível apontar supernotificação com base naquelas informações. O auditor relatou que seu pai, Ricardo Silva Marques, foi quem encaminhou o levantamento ao presidente.
Integrantes da CPI apontaram que teria havido crime cometido pelo presidente Jair Bolsonaro ao usar um documento adulterado para questionar o número de mortos pela Covid-19 no Brasil.