Bolsonaro: Mendonça votará 'do nosso lado' no marco temporal
Presidente afirmou que já sabe o posicionamento do ministro no processo que julga a demarcação das terras indígenas
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (8) que o futuro ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça votará "para o nosso lado" em relação ao marco temporal das terras indígenas. O caso, em análise na Corte, foi suspenso após pedido de vista do magistrado Alexandre de Moraes.
"O André [Mendonça] vai fazer seu trabalho. Por exemplo, em pautas conservadoras, nem preciso falar com ele. Em pautas econômicas: tenho certeza qual é a posição dele em relação ao marco temporal, porque como AGU [Advogado-Geral da União) e [ministro] da Justiça trabalhou comigo contra essa questão que está no STF", disse Bolsonaro. "Está 1 a 1, em votação ainda, e já sabemos que o André [Mendonça] vai ser um voto para o nosso lado. Não é tráfico de influência, é que já sabemos, dado o comportamento dele", acrescentou.
As declarações foram dadas pelo chefe do Executivo em entrevista a um portal. Bolsonaro foi questionado ainda sobre a demora da sabatina de Mendonça na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, presidida pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), que trabalhou contra a indicação do futuro ministro.
"Não tem nada a ver, no meu entender, com a questão evangélica. É o sistema, o establishment, um grupo de pessoas, 20, 30, que não se comunicam com frequência mas têm interesse em comum. E uma cadeira no STF interessa ao sistema. E o André [Mendonça] não se encaixava no sistema", afirmou.
Bolsonaro avalia ainda que o atraso em pautar a sabatina de seu segundo indicado para o STF – o primeiro foi Nunes Marques – acabou ajudando Mendonça. "No começo não se colocava em pauta porque achava que o nome passaria, mas acho que é o contrário. Quanto mais passou, melhor ficou para a aprovação do André."
Petrobras
No último fim de semana, Bolsonaro disse que a Petrobras iria anunciar a redução dos preços dos combustíveis. A informação, contudo, foi negada pela estatal, que, em nota, afirmou não haver ainda decisão sobre possível reajuste. O episódio levou a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), autarquia do Ministério da Economia, a abrir um processo administrativo para apurar se houve antecipação ou vazamento de informações.
Durante a entrevista, o chefe do Executivo foi questionado sobre o tema. "Não foi informação privilegiada. Não precisa ter bola de cristal para falar isso. Não é o PPI [Preço de Paridade de Importação]? O preço com qualidade internacional? Então tem que cumprir", disse.
Passaporte da vacina
O presidente foi indagado também sobre o chamado passaporte da vacina, documento que comprova a imunização contra a Covid-19 e que é adotado em ao menos 20 capitais brasileiras.
"Se eu tomo uma decisão, posso ser contraditado depois, e quem decide, ali na ponta, é o governador e o prefeito. E o STF estava ameaçando, via ministro [Luís Roberto] Barroso, exigindo o passaporte. Colocamos o teste e a quarentena, e acho que satisfez. Da minha parte, eu não tomei vacina e não vou tomar vacina. É direito meu. Até porque os efeitos adversos são enormes. É a liberdade."