Moraes mostra vídeo de Bolsonaro pedindo arquivamento de ações: ‘Sai, Alexandre de Moraes’

O ministro Alexandre de Moraes exibiu, no plenário da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (11), um vídeo com um discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na gravação, Bolsonaro cobra o arquivamento das ações contra ele na Corte e a saída de Moraes do Tribunal. “O tempo dele já acabou. Sai, Alexandre de Moraes”, afirmou o ex-chefe do Executivo.

A imagem foi registrada durante uma manifestação na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 2021, no feriado da Independência, onde Bolsonaro também atacou outros ministros e a própria Corte. “Se isso não é grave ameaça...”, questionou. As falas de Bolsonaro já tinham sido citados por Moraes em seu próprio voto, na terça-feira (9).

A intervenção foi feita durante o voto da ministra Cármen Lúcia na ação da trama golpista. Ontem, o ministro Luiz Fux discordou das conclusões de Moraes sobre o caso e votou para absorver quase todos os réus, com exceção de Mauro Cid e Walter Braga Netto. No entanto, Fux pediu para não ser interrompido durante sua fala.

Em outro momento, Moraes apresentou diversas fotos e vídeos dos atos de 8 de janeiro, mostrando que os participantes exibiam cartazes e camisas em apoio a Bolsonaro. “Aqui não está ‘presidente Mauro Cid’”, ironizou, usando uma postura mais incisiva do que na leitura do próprio voto.

No início de sua intervenção, Moraes reforçou a gravidade dos ataques. “O 8 de janeiro não foi um domingo no parque, um passeio na Disney. Não foi combustão espontânea, não foram baderneiros descoordenados. Foi uma organização criminosa. E, obviamente, se nós pegarmos um fato isolado — a reunião dos ‘kids pretos’ —, a questão não é se eles podem ou não se reunir, mas sim o desencadeamento de tudo.”

Após exibir o vídeo, o ministro destacou que as decisões dos magistrados do Supremo valem para todo o Judiciário. “Algum de nós permitiria, ou diria que é liberdade de expressão, se um prefeito insuflasse o povo contra o juiz da comarca? Qual recado queremos deixar para o Poder Judiciário brasileiro?”.

Organização criminosa

Moraes também rebateu a posição do ministro Luiz Fux, que havia afastado a acusação de organização criminosa. “Essa organização fortemente armada — e já reconhecida aqui, com maioria pela condenação de dois réus, o coronel Mauro Cid e o general Braga Netto, em virtude do Punhal Verde e Amarelo e da Operação Copa 2022 — queria calar o Judiciário e, ao mesmo tempo, se perpetuar no poder”, afirmou.

Durante sua fala, foram exibidas imagens de faixas pedindo intervenção militar, inclusive em inglês. “Se, para isso, precisasse matar um ministro, um presidente... são crimes indeterminados, crimes para atingir o objetivo. Está fartamente comprovado que a liderança criminosa, além dessa grave violência, utilizava armamento pesado e forças especiais”, pontuou.

Ao falar sobre as forças especiais, Moraes ressaltou que algumas unidades acabaram estigmatizadas devido à participação de integrantes em práticas ilícitas. “Mas elas são importantes para o Exército. Agora, quem bolou todo esse discurso, quem executou tudo, foi o próprio líder: Jair Messias Bolsonaro”, disse.

“Mauro Cid presidente”

Ainda durante a exibição das imagens de destruição dos prédios dos Três Poderes, Moraes ironizou: “Aqui não está Mauro Cid presidente. Não está Braga Netto, não está Garnier presidente. Não está Ramagem. Não estão os demais réus. Aqui está o líder da organização criminosa, que insuflava”.

Em seguida, exibiu a imagem do chamado “homem do relógio”, que destruiu uma peça histórica durante as invasões. O homem, posteriormente identificado e preso, vestia uma camisa de Bolsonaro.

Moraes encerrou sua fala com um tom descontraído, dirigindo-se à colega de bancada: “Obrigado e prometo que não falo mais nada”.

Reações

Durante a exibição do vídeo, foi possível notar reações de surpresa no plenário, apesar de isso contrariar as regras do Tribunal. Alguns presentes demonstraram espanto, mas logo se silenciaram para acompanhar o conteúdo exibido.

Um dos advogados de Mauro Cid, que acompanhava a sessão, chegou a levar a mão ao rosto para disfarçar a reação.

Ao fim da fala, o ministro Luiz Fux levantou-se e deixou o plenário por alguns minutos, retornando em seguida. Antes disso, Dino conversava com outro ministro em tom mais alto que o habitual durante a manifestação de um colega.

Perguntas e Respostas

O que foi exibido pelo ministro Alexandre de Moraes no plenário do STF?

O ministro Alexandre de Moraes exibiu um vídeo com um discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro, onde ele pede o arquivamento das ações contra ele na Corte e a saída de Moraes do Tribunal.

Qual foi a mensagem principal do discurso de Jair Bolsonaro no vídeo?

No vídeo, Bolsonaro afirmou: “O tempo dele já acabou. Sai, Alexandre de Moraes”, enquanto atacava outros ministros e a própria Corte.

O que Alexandre de Moraes disse sobre os eventos de 8 de janeiro?

Moraes afirmou que os eventos de 8 de janeiro não foram um “domingo no parque”, mas sim resultado de uma organização criminosa, e destacou a gravidade dos ataques.

Como Moraes se referiu à organização criminosa?

Moraes mencionou que a organização era fortemente armada e já havia sido reconhecida pela condenação de dois réus, e que seu objetivo era calar o Judiciário e se perpetuar no poder.

Quais imagens foram exibidas durante a fala de Moraes?

Durante sua fala, Moraes exibiu imagens de faixas pedindo intervenção militar e de destruições ocorridas nos prédios dos Três Poderes, ironizando a ausência de certos réus nas imagens.

Qual foi a reação do plenário durante a exibição do vídeo?

Houve reações de surpresa no plenário, apesar de isso contrariar as regras do Tribunal. Alguns presentes demonstraram espanto, mas logo se silenciaram para acompanhar o conteúdo exibido.

Como Moraes encerrou sua fala?

Moraes encerrou sua fala de forma descontraída, agradecendo e prometendo não falar mais nada.

O que aconteceu com o ministro Luiz Fux durante a sessão?

O ministro Luiz Fux levantou-se e deixou o plenário por alguns minutos, retornando em seguida, enquanto outro ministro conversava em tom mais alto durante a manifestação de Moraes.

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