Bolsonaro nega corrupção, mas indaga: 'Quem nunca errou?'
Ele disse que não há denúncias na sua gestão, mas ministro da Educação é alvo de inquérito na PF por suposto tráfico de influência
Brasília|Augusto Fernandes e Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
Em meio às investigações sobre supostos pedidos de propina no Ministério da Educação e inquérito policial sobre a atuação do ministro Milton Ribeiro, o presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar, neste domingo (27), que não há nenhuma denúncia de corrupção em seu governo desde que iniciou seu mandato, em 2019, mas que "todos nós podemos errar".
"Só o endividamento da Petrobras e do BNDES está na casa do R$ 1 trilhão, o que daria para fazer cem vezes a transposição do rio São Francisco. Acabou a farra com o dinheiro público. Buscam qualquer coisa, qualquer gota d’água para transformar num tsunami. Mas todos sabem como nos portamos: três anos e três meses em paz nessas questões", disse.
"Se aparecer [denúncia de corrupção], nós colaboraremos para que os fatos sejam elucidados. Todos nós somos humanos, todos nós podemos errar. Quem nunca errou? E devemos e podemos ter uma segunda chance para voltar a sermos úteis para a sociedade", completou.
As declarações foram feitas por Bolsonaro durante evento organizado pelo Partido Liberal, em Brasília, com o objetivo de ampliar a quantidade de políticos ligados à sigla e, dessa forma, aumentar a base de apoio do atual comandante do Palácio do Planalto, que tentará a reeleição nas eleições deste ano.
Nesta semana, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar o suposto esquema de tráfico de influência envolvendo o ministro da Educação, Milton Ribeiro, e pastores que frequentam a pasta, mas que não têm cargo público.
A corporação vai avaliar se os religiosos influenciaram o envio de verba para municípios em troca de propina, se o ministro da Educação sabia das irregularidades e se colaborou com elas. Nas próximas semanas, a PF deve ouvir Ribeiro e os pastores. As diligências estão a cargo do delegado Bruno Caladrini.
Durante reunião no ministério, Ribeiro afirmou que o governo federal prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados por dois pastores (Gilmar Santos e Arilton Moura). O áudio foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo e, segundo o ministro, o pedido partiu do próprio Bolsonaro.
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"Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar. Porque foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar. Apoio. Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção das igrejas", disse Ribeiro.
Em nota, Ribeiro blindou Bolsonaro e negou irregularidades. O presidente, por sua vez, disse na tradicional live, da última quinta-feira (24), que botaria a cara no fogo pelo ministro.