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Bolsonaro veta nome de médica Nise da Silveira em livro sobre heróis do país

Psiquiatra pioneira na implantação de tratamentos humanizados para transtornos mentais não será citada na publicação

Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília

Médica rebelou-se contra métodos manicomiais aplicados a pacientes com transtornos mentais
Médica rebelou-se contra métodos manicomiais aplicados a pacientes com transtornos mentais

O presidente Jair Bolsonaro vetou o nome da psiquiatra alagoana Nise da Silveira no livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A homenagem havia sido aprovada pelo Senado no dia 27 de abril. No entanto, o governo alegou que não é possível "avaliar a envergadura dos feitos da médica" e o impacto deles no desenvolvimento do país. O veto está publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira (25).

Nise da Silveira é pioneira da terapia ocupacional e mudou os rumos dos tratamentos psiquiátricos no Brasil, que até então eram conduzidos por meio de isolamento em hospícios e uso de técnicas como eletrochoque.

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"Ao ouvir as pastas ministeriais, o Presidente da República decidiu vetar a proposição legislativa, pois prioriza-se que personalidades da história do País sejam homenageadas em âmbito nacional, desde que a homenagem não seja inspirada por ideais dissonantes das projeções do Estado Democrático", justificou a Secretaria-Geral da Presidência da República.


O livro com os nomes de homenageados como Machado de Assis, Leonel Brizola, Tiradentes e Zuzu Angel existe desde de setembro de 1989 e fica dentro do Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes. O conjunto da obra homenageia homens e mulheres que tiveram relevância em episódios históricos do país.

Quem foi Nise da Silveira

A médica começou a atuar na área na década de 1940 e rebelou-se contra os métodos manicomiais então aplicados a pacientes com transtornos mentais, como o eletrochoque, a lobotomia e o confinamento, entre outros. Como forma de punição, foi transferida para a área de terapia ocupacional. Ironicamente, a psiquiatra encontrou o espaço necessário para desenvolver um modelo humanizado de tratamento para os transtornos mentais.


Uma das terapias desenvolvidas por Nise foi a expressão dos sentimentos pelas artes. A produção artística de alguns pacientes ganhou reconhecimento pela qualidade estética, além de ter demonstrado resultados positivos na recuperação. Parte das obras está exposta no Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro. Esses trabalhos também já foram expostos no Museu de Arte Moderna de São Paulo. 

Em 1936, Nise foi denunciada por envolvimento com comunistas e acabou presa por 18 meses no presídio Frei Caneca, junto com o escritor Graciliano Ramos, que a converteu em personagem do livro Memórias do Cárcere. Ao sair da prisão, viveu na clandestinidade por nove anos. A psiquiatra morreu no Rio de Janeiro em 1999, aos 94 anos.

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