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Brasil não quer 'ser instrumento do incidente diplomático', diz ministro, sobre Venezuela e Guiana

Segundo Múcio, o envio de reforço para a fronteira em Roraima, feito nesta semana, já estava previsto e foi apenas antecipado

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Múcio disse que o governo age com cautela no conflito
Múcio disse que o governo age com cautela no conflito

O ministro da Defesa, José Múcio, declarou nesta sexta-feira (8) que o governo federal age com cautela em relação ao conflito territorial entre a Venezuela e a Guiana. "Nós estamos atentos para que não sejamos instrumentos do incidente diplomático que envolve dois vizinhos", afirmou. A fala de Múcio ocorreu após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio da Alvorada.

Múcio destacou ainda que o envio de reforço do Exército brasileiro para a fronteira em Roraima, feito nesta semana, já estava previsto e foi apenas antecipado. Nesta quinta-feira (7), oito países da América do Sul pediram às duas nações que encontrem uma "solução pacífica" para a disputa.

Em uma declaração conjunta, Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Colômbia, Equador e Peru manifestaram "profunda preocupação com a elevação das tensões" entre a Venezuela e a Guiana por essa região fronteiriça rica em petróleo.

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O risco de a Venezuela invadir e tomar a região de Essequibo, que pertence à Guiana e está em disputa há mais de um século, preocupa a comunidade internacional. A tensão se intensificou depois que a Venezuela celebrou, em 3 de dezembro, um referendo consultivo no qual mais de 95% dos participantes aprovaram a criação de uma província em Essequibo, território que representa dois terços da Guiana, e a cessão de nacionalidade venezuelana aos 125 mil habitantes da zona em disputa.


Após a consulta, Nicolás Maduro, que busca a reeleição em 2024, anunciou a concessão de licenças para extrair petróleo em Essequibo.

Os Estados Unidos anunciaram uma série de exercícios militares na Guiana. Nesta sexta-feira (8), o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) começou a debater o assunto em caráter de "urgência".

Para o Brasil, o conflito criado pelo ditador venezuelano se tornou um desafio para atuar como mediador. O presidente Lula advertiu, na quinta-feira (7), que "uma coisa que não queremos aqui na América do Sul é guerra. Nós não precisamos de guerra, não precisamos de conflito".

Lula se ofereceu para mediar o conflito durante a última cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro. "Caso considerado útil, o Brasil e o Itamaraty estarão à disposição para sediar qualquer e quantas reuniões forem necessárias", afirmou.

Em meio à escalada, cinco militares guianenses morreram e dois sobreviveram no acidente que envolveu um helicóptero que perdeu contato, na quarta-feira (6), em Essequibo, informou a Força de Defesa da Guiana. As causas do acidente são investigadas.

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