Cancelamento de Lula nos Brics não tem ligação com ausência de Putin no G20, diz Kremlin
O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, negou relação entre os movimentos dos presidentes do Brasil e da Rússia
Brasília|Natalie Machado, da RECORD, e Plínio Aguiar, do R7
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, descartou neste domingo (20) que o cancelamento da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Rússia, para participar da Cúpula dos BRICS, possa estar relacionado com a decisão do russo de Vladimir Putin de não comparecer ao G20, em novembro, no Rio de Janeiro. Mais cedo, o petista sofreu um acidente doméstico e cancelou sua ida para Kazan.
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A reportagem apurou que o presidente brasileiro caiu no banheiro do Palácio da Alvorada no final da tarde de sábado (19), após retornar de São Paulo, onde participou de uma live com o candidato do PSOL à Prefeitura da capital paulista, Guilherme Boulos. Lula foi levado à unidade de um hospital particular na capital federal, onde seu ferimento na cabeça foi tratado.
O presidente levou três pontos no local. Após o atendimento médico, Lula foi liberado para retornar ao Alvorada. Neste domingo, retornou ao hospital para novos exames, momento em que os médicos orientaram o presidente a cancelar a longa viagem de avião para a Rússia.
“Está tudo tranquilo, está ativo. Apenas a orientação da equipe médica em não realizar viagem longa e atividades com menos controle em outro país”, disse o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, um dos ministros mais próximos do presidente, que se encontra na tarde deste domingo (20), no Palácio do Alvorada, em Brasília.
Putin afirmou nesta semana que não vai vir ao encontro do G20, o grupo que reúne as maiores economias do mundo. O evento, que vai ocorrer no Rio de Janeiro (RJ), vai contar com a presença de diversos chefes de Estado e de organizações. Durante entrevista coletiva, o presidente russo disse que não vai comparecer para não tirar o foco da atenção do encontro.
Cúpula dos Brics
Lula está temporariamente impedido de realizar voos longos e, por isso, cancelou sua ida a Rússia. Agora, vai participar do evento por videoconferência. O país vai ser representado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que embarca ainda na noite deste domingo.
Inicialmente, o grupo reunia Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Desde o início deste ano, começaram a fazer parte do bloco Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos. A cúpula de 2024 é a primeira com os novos integrantes e tem como pilar a criação da categoria de países parceiros.
“Na Cúpula de Joanesburgo, em 2023, foram incorporados novos membros plenos e, naquela ocasião, se encomendou ao canal de Sherpas a elaboração da categoria de parceiros. É nisso que é consumido o nosso trabalho neste semestre, quais são os critérios para essa modalidade, e há uma expectativa de que, aprovada essa modalidade, possa ser feito um anúncio dos países que seriam convidados para integrar essa categoria”, explicou o secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, embaixador Eduardo Paes Saboia.
A programação prevê uma cerimônia de boas-vindas do encontro, seguida de um jantar oferecido aos chefes de Estado pelo presidente russo, Vladimir Putin, na próxima terça-feira (22). A cúpula será realizada na quarta-feira (23) e quinta-feira (24). Nesta edição, os países devem debater temas como a crise no Oriente Médio e operação política e financeira dentro do bloco.
A presidência dos BRICS, que é temporária, está sob o comando da Rússia até o fim de 2024. A partir de 1º de janeiro de 2025, o Brasil vai assumir a chefia do grupo. Fontes no Itamaraty argumentam que a nova governança brasileira deve ser “austera, mais focada em resultados”.