Cerca de 30 mil empregos serão perdidos no telemarketing sem a desoneração, prevê sindicato
Dados são do Sindicato Paulista das Empresas de Telemarketing; entidades preveem demissões em massa sem a desoneração
Brasília|Do R7, em Brasília
O fim da desoneração da folha de pagamento deve impactar com a perda de 30 mil empregos no setor do telemarketing em 2024, segundo dados do Sintelmark (Sindicato Paulista das Empresas de Telemarketing). A entidade aponta o aumento dos custos das contratações como o principal motivo por trás do impacto negativo no setor. “O primeiro impacto no segmento de contact center será o corte de despesas para buscar equilíbrio financeiro. Como 80% dos custos estão relacionados à folha de pagamento, estima-se uma redução de até 7% nos quadros de funcionários no país , alerta Luis Crem, presidente do Sintelmark. Atualmente, o setor
No curto, médio e longo prazos, o setor prevê uma diminuição na oferta de empregos e uma intensificação nos processos de automação e incorporação de inteligência artificial. “Certamente ocorrerá desemprego, pois, além das reduções de postos de trabalho a curto prazo, o aumento dos custos incentivará as empresas a acelerar a adoção de tecnologias para automação de atendimento, incluindo inteligência artificial”, comenta Crem.
Os dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) apontam um saldo positivo na criação de empregos, com mais de 13 mil novos postos de trabalho gerados nos últimos cinco anos, dos quais 1.356 foram criados apenas em 2024 (em janeiro e fevereiro) em todo o país. Este setor, que emprega 70% de mulheres e negros, destaca-se também por sua política de contratação inclusiva, abrangendo jovens em seu primeiro emprego e membros da comunidade LGBTQIA+.
Menos 1 milhão de empregos em 17 setores
Em um cálculo mais amplo, a UGT (União Geral dos Trabalhadores) projeta um corte de 10% dos 9,7 milhões de funcionários dos 17 segmentos desonerados. Além do setor de telemarketing, também fazem parte do grupo as indústrias têxtil, máquinas e equipamentos, proteína animal e de calçados (veja todos os setores na arte).
A medida, que seria válida até 2027, é adotada desde 2011 e substitui a contribuição previdenciária patronal de 20%, incidente sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Na prática, a desoneração reduz a carga tributária da contribuição previdenciária devida pelas empresas desses 17 setores, considerados os que mais empregam no país.
A prorrogação da desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia até 2027 foi aprovada pelo Legislativo em outubro do ano passado, mas foi vetada integralmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva menos de um mês depois. Em dezembro, o Congresso derrubou o veto de Lula, com votos de 60 senadores (contra 13) e 378 deputados (versus 78).
A pedido do Planalto, o ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu os trechos da lei aprovada pelo Congresso Nacional que prorrogava a desoneração para 17 setores da economia e para municípios até 2027. Atualmente, o julgamento do caso está temporariamente interrompido devido a um pedido de vista do ministro Luiz Fux. Até o momento, cinco ministros da Corte votaram a favor da posição do governo, opostos à desoneração.