Chanceler diz que Mercosul quer ‘flexibilidade’ de sanções previstas pela UE em acordo comercial
Segundo Mauro Vieira, punições por descumprimento de metas ambientais precisam ser revistas pelos europeus
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse nesta quarta-feira (6) que o Mercosul espera uma “flexibilidade” das punições previstas pela União Europeia aos países do bloco sul-americano no caso de descumprimento de metas ambientais no âmbito do acordo comercial entre os dois organismos.
Segundo Vieira, o Brasil e os demais pares do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai) estão comprometidos a preservar o meio ambiente, e é preciso que a União Europeia reveja as sanções que pretende aplicar aos sul-americanos.
“A UE aprovou recentemente uma legislação sobre desmatamento e que imporia uma série de sanções caso o Brasil e os países do Mercosul não cumprissem determinados padrões europeus. O que queremos é a flexibilidade dessa legislação e que sejam feitos acordos quanto à aplicação dessa legislação tendo em vista que o Brasil tem, a partir de 1º de janeiro, uma política de meio ambiente muito clara de preservação da Amazônia, de fim total do desmatamento até 2030 e de recuperação de terras degradadas”, afirmou Vieira.
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A declaração do chanceler ocorreu em entrevista à rádio Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Para fechar o acordo comercial, o bloco europeu tem sido mais exigente com a questão ambiental e, em março deste ano, enviou ao Mercosul uma carta em que são previstas sanções em caso de descumprimento de metas de preservação, mas só para o lado sul-americano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já criticou o documento elaborado pela União Europeia e diz que ameaças e retaliações não são aceitáveis.
Nesta quarta, Vieira comentou que o Mercosul já enviou à UE uma resposta à carta apresentada em março. “Eu não posso dar nenhuma garantia de que a União Europeia vá aceitar. Vamos negociar. Já houve uma primeira reunião virtual com os negociadores europeus, que viajarão ao Brasil em 15 de setembro para a primeira negociação presencial”, disse o ministro.
“Há garantias do governo federal brasileiro e dos outros países [de preservação do meio ambiente]. Todos nós estamos confiantes na negociação, até porque a União Europeia já declarou isso no mais nível nível, e o Mercosul também, de que esse acordo é estratégico para os dois agrupamentos”, completou o chanceler.