Clube em Brasília é flagrado furtando energia; prejuízo chega a R$ 1 milhão
Segundo a Neoenergia, tradicional clube situado na Asa Sul furtou energia suficiente para abastecer mais de 7 mil casas em um mês
Brasília|Carlos Eduardo Bafutto, do R7, e Pedro Canguçu, da Record TV
Uma operação de fiscalização em Brasília identificou irregularidades no consumo de energia do clube Vizinhança, localizado na entrequadra 108/109 da Asa Sul. De acordo com a Neoenergia, uma análise do centro de inteligência da empresa verificou desvio de energia superior a um milhão de quilowatts-hora, o que seria suficiente para abastecer mais de sete mil moradias por um mês, com um custo de aproximadamente R$ 1 milhão. O R7 e a Record TV tentaram contato com o clube, mas não obtiveram resposta até o momento. O espaço segue aberto para manifestações.
O R7 apurou que a conta mensal de energia do clube era de aproximadamente R$ 38 mil, mas, com os desvios, o clube vinha pagando cerca de R$ 15 mil. A Neoenergia informou que as irregularidades do medidor de energia do clube foram retiradas e a cobrança no estabelecimento será regularizada. No entanto, o caso foi encaminhado à Polícia Civil para que os responsáveis respondam criminalmente pelo furto. Além disso, toda energia consumida irregularmente será cobrada do estabelecimento.
A Neoenergia afirma ainda que vem intensificando a fiscalização com a utilização de programas de computador associados a sensores inteligentes, que medem o fluxo de energia elétrica na rede de distribuição. "Com essa tecnologia é possível ser mais assertivo na localização das fraudes e desvios e, consequentemente, no combate ao furto de energia," afirma a empresa.
O diretor-superintendente de Relacionamento com o Cliente da Neoenergia, Gustavo Álvares, alerta para o fato de que parte do valor da energia furtada acaba sendo compartilhada entre toda população. "Na prática, os clientes que pagam suas contas de forma correta, acabam arcando com a energia furtada por aqueles que agem com má fé," afirma.
Operação Massa Fresca
A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou em agosto deste ano a operação “Massa Fresca” — em parceria com a Neoenergia Brasília — e flagrou duas padarias e uma pizzaria furtando energia elétrica no Gama (DF).
De acordo com a Neoenergia, o volume de energia furtada pelos três estabelecimentos equivalia ao consumo de aproximadamente 2,5 mil residências por um mês. Os responsáveis pelos estabelecimentos foram conduzidos à delegacia para responder criminalmente pelo furto.
Outros casos de furto de energia
Entre julho e agosto deste ano, outros estabelecimentos foram flagrados furtando energia no Distrito Federal. No fim de julho, um bar na Asa Sul foi flagrado furtando energia elétrica suficiente para abastecer 1,4 mil residências pelo período de um mês. Depois que a fraude foi confirmada, a empresa regularizou a situação. No entanto, uma denúncia foi registrada junto à Polícia Civil.
Já no início de agosto, a Neoenergia identificou outros quatro estabelecimentos que furtavam energia. Três deles funcionam na Asa Sul e um em Águas Claras. O custo das fraudes é de R$ 790 mil.
A Neoenergia afirmou na época que toda energia não medida e consumida seria cobrada por meio de processo administrativo. Segundo a empresa, as irregularidades foram retiradas, os estabelecimentos regularizados e as constatações serão enviadas à Polícia Civil para que os responsáveis respondam em âmbito criminal.
O furto de energia é crime previsto no artigo 155 do Código Penal Brasileiro, com pena de até a oito anos de reclusão pela prática ilegal. As denúncias podem ser feitas, de forma anônima, por meio do telefone 116.
Energia furtada no país equivale ao consumo anual do Paraná
Um levantamento de 2020 mostrou que a quantidade de energia elétrica furtada no Brasil por meio de ligações clandestinas seria suficiente para abastecer por um ano o estado do Paraná, o quinto mais populoso do país, com 11,5 milhões de habitantes.
As distribuidoras estimaram uma perda de receita de R$ 3,3 bilhões anuais com esse tipo de fraude, de acordo com dados da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
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Entidades do setor e especialistas ouvidos pelo R7 afirmam que a prática ocorre em todas as camadas da sociedade — em locais de vulnerabilidade social, em endereços de luxo, no comércio e na indústria. Para combaterem esse tipo de crime, as empresas apertam a fiscalização e promovem a regularização de pontos de consumo clandestinos.
No Distrito Federal, por exemplo, a Neoenergia realizou 33 mil ações de fiscalização no ano passado e regularizou 21 mil pontos de consumo. De acordo com o gerente de gestão de receita da Neoenergia, Luiz Paulo Marinho, a companhia recuperou, de março a setembro de 2021, R$ 97 milhões em energia furtada — o equivalente a 150 GWh, ou oito dias de consumo da capital federal, que tem mais de três milhões de habitantes.