Cobradores terão estabilidade de dois anos após fim do dinheiro nos ônibus do DF, diz secretaria
Acordo feito entre governo e empresas de transporte foi assinado em setembro; expectativa é de que profissionais sejam realocados
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
Os cobradores de ônibus do Distrito Federal terão estabilidade nos empregos por dois anos com o fim da circulação do dinheiro em espécie no transporte público da capital. A medida faz parte de um acordo assinado entre o governo e as empresas de ônibus em setembro.
Em entrevista ao R7, o secretário de Transporte e Mobilidade, Zeno Gonçalves, destacou que a expectativa é que esses profissionais sejam realocados em novas funções, como motoristas e despachantes.
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“Temos o caso da empresa São José, por exemplo, que abriu vagas para motoristas, e 25% dos cobradores se inscreveram para fazer o treinamento”, conta. O secretário adiantou que, até o fim do ano, a Secretaria de Transporte e Mobilidade vai começar a orientar as empresas a tirar os cobradores de algumas linhas.
“A gente avalia como o sistema e os usuários estão se comportando com essa questão do pagamento digital. A partir disso, nós vamos orientar que algumas linhas já comecem a funcionar sem cobradores, porque não se justifica ter um cobrador em linhas que você tem 100% dos pagamentos digitais”, pontua.
Segundo Zeno, as linhas que mais devem demorar para fazer essa transição são as rurais.
“Mas isso vai acontecer aos poucos, e depois o cobrador vai ser redirecionado a médio e longo prazo para outras funções, como apoiadores, operadores, despachantes, garagistas, mecânicos. Enfim, esse papel da relação do empregado com a empresa é uma relação privada, o governo não interfere. A gente estabelece as diretrizes”, explica.
Fim do dinheiro
Zeno avaliou o cenário do DF três meses após o fim do pagamento com dinheiro em algumas linhas.
“Começamos a medida em 1º de julho, depois de 60 dias de uma campanha de esclarecimento da população. E o resultado tem sido surpreendente, superando até as nossas expectativas. Porque nós projetamos qual seria o comportamento do usuário, observando outras cidades em que isso aconteceu. Em Goiânia, por exemplo, demorou muito tempo para chegar aos números que temos”, disse.
Segundo o secretário, considerando todas as 929 linhas de ônibus do DF, o pagamento em espécie representa apenas 6,7% da circulação de passageiros.
“Se a gente considerar apenas as linhas que nós já retiramos o dinheiro, que são 433, basicamente o dinheiro ocorre em menos de 0,8%, mostrando que onde a gente retirou o dinheiro, o usuário já está adaptado ao pagamento em cartão”, disse.
A expectativa é de que até o fim do ano o governo tenha 100% das linhas aceitando apenas pagamento em cartão.
Além do cartão Mobilidade, os usuários também têm a opção de usar cartão de crédito e débito ou comprar um QR Code de acesso. No entanto, até o momento, apenas os cartões Mobilidade fazem integração, que permite que o usuário pegue até três ônibus no intervalo de três horas pelo valor único de R$ 5,50.