Brasília Com indiciamento de G. Dias e José Rainha, relatório da CPI do MST será votado na próxima semana

Com indiciamento de G. Dias e José Rainha, relatório da CPI do MST será votado na próxima semana

A base governista vai apresentar um documento paralelo; a votação do texto do relator Ricardo Salles será na próxima terça-feira

  • Brasília | Ana Isabel Mansur e Bruna Lima, do R7, em Brasília

Base de Lula na CPI deve apresentar relatório paralelo ao de Salles

Base de Lula na CPI deve apresentar relatório paralelo ao de Salles

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados - 21/9/2023

A Comissão Parlamentar de Inquérito do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se reuniu na Câmara dos Deputados, na manhã desta quinta-feira (21), para a leitura do relatório final, do deputado Ricardo Salles (PL-SP). Após a apresentação pelo relator, os parlamentares pediram vista coletiva por duas sessões. Assim, o documento será votado na próxima terça-feira (26).

O R7 apurou que a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na CPI deve apresentar um relatório paralelo ao de Salles. O documento oficial, de 88 páginas, pediu o indiciamento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias e do líder da Frente Nacional de Luta (FNL), José Rainha. A princípio, o relatório também pedia o indiciamento do deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), mas um acordo com a base governista retirou o nome do parlamentar.

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O relatório paralelo, que deve ser apresentado pela deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), é uma tentativa da base aliada de Lula de defender o trabalho do MST. O texto de Salles classifica o movimento social como “criminoso” e responsabiliza o governo do presidente pelo aumento das ocupações de terra em 2023.

Ao fim da sessão desta quinta-feira (21), o presidente da CPI, deputado Zucco (Republicanos-RS), destacou que, até a votação na próxima terça (26), o relatório final pode receber ajustes.

Comissão e embates entre oposição e governo

A CPI foi instaurada pela Câmara dos Deputados em maio deste ano, para investigar as ações e os possíveis financiadores do movimento social. Só em abril foram ao menos 11 áreas invadidas. Entre os alvos das ações dos militantes estavam fazendas, áreas públicas e prédios da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

A CPI do MST ficou marcada por diversos embates entre governo e oposição. Em 30 de agosto, alguns requerimentos deixaram de ser votados após confusão entre parlamentares.

Em outro episódio, o bate-boca entre deputados começou depois da aprovação de convocação de representantes do governo. A CPI teve briga entre os parlamentares até mesmo devido a um pedido de um minuto de silêncio feito pela deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) em razão do assassinato de dez trabalhadores rurais, em 2017, após uma operação policial. O pedido não foi atendido pela CPI e gerou confusão.

O Conselho de Ética da Câmara chegou a instaurar processos disciplinares contra Sâmia Bomfim e Ricardo Salles por troca de ofensas em uma das sessões. Governistas criticam a apresentação do relatório em meio a esse cenário.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) afirmou que o relatório é inconsistente. "O conjunto de denúncias sinalizadas no documento são frágeis [sic], mal escritas, obtidas a partir de provas suspeitas, repletas de devaneios bolsonaristas. Reafirma uma perspectiva de criminalização contra a luta pela terra no Brasil. Repudiamos os pedidos de indiciamento contra os trabalhadores e as trabalhadoras Rurais Sem Terra citados no documento. Essa manobra é uma forma de intimidação e perseguição contra as lideranças do MST que lutam pela Reforma Agrária Popular", disse o movimento por meio de nota.

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