Comissão da Câmara ouve chanceler Mauro Vieira sobre eleições na Venezuela
Segundo o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, Nicolás Maduro foi reeleito com 51,95% dos votos
Brasília|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília
Nesta quarta-feira (13), a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados realizará uma audiência com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. O encontro pretende discutir a posição do Brasil em relação ao processo eleitoral na Venezuela.
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As perguntas devem abordar tanto a fase pré-eleitoral quanto os desdobramentos após o pleito, além de outros temas relevantes da agenda internacional.
A audiência foi solicitada pelo presidente da comissão, deputado Lucas Redecker (PSDB-RS), e pelo deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS). A sessão está marcada para as 9 horas.
Redecker destacou as irregularidades observadas na eleição presidencial venezuelana, realizada em 28 de julho de 2024, incluindo denúncias de fraude e restrições impostas pelo governo de Nicolás Maduro.
“No dia anterior à eleição, Maduro determinou o fechamento das fronteiras, o que impediu que venezuelanos refugiados no Brasil participassem da votação”, afirmou Redecker. Segundo ele, aproximadamente 4 milhões de venezuelanos no exterior enfrentaram o mesmo obstáculo por decisão do regime.
O deputado também mencionou que a oposição enfrentou dificuldades, com registros de candidaturas sendo negados, e observou que, no dia da eleição, parlamentares estrangeiros foram barrados de entrar no país.
A OEA (Organização dos Estados Americanos) emitiu um comunicado criticando o resultado da eleição e exigindo a apresentação das atas das mesas de votação. “Diversos governos e instituições seguiram essa mesma linha de questionamento”, completou Redecker.
Apesar dessas circunstâncias, o deputado criticou a posição discreta do Brasil. “O Itamaraty, de forma tímida e para evitar atritos com Maduro, apenas solicitou em nota que as atas fossem apresentadas, sinalizando a imparcialidade do processo eleitoral”, concluiu Redecker.
Eleições polêmicas
Segundo o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) da Venezuela, Nicolás Maduro foi reeleito com 51,95% dos votos, enquanto Edmundo González recebeu 43,18%.
No entanto, a oposição venezuelana alega que venceu a eleição, e organizações como a OEA e a União Europeia, além de alguns países, entre eles os Estados Unidos, não reconheceram o resultado oficial, exigindo a divulgação das atas eleitorais.
Alguns países latino-americanos, como Argentina, Chile, Uruguai e Peru, chegaram a reconhecer a vitória de González, o que levou à expulsão de seus diplomatas na Venezuela por Maduro.