Concentração de coronavírus no esgoto do DF aumenta 14 vezes em um mês
Pico de contaminação ocorreu na segunda quinzena do mês de maio e acompanha tendência de alta nos contágios
Brasília|Jéssica Moura, do R7, em Brasília
A concentração de fragmentos do coronavírus no esgoto do Distrito Federal está em alta. Ao longo do mês de maio, a taxa aumentou 14 vezes na comparação com o mês anterior. Os dados estão no boletim epidemiológico divulgado nessa quinta-feira (9) pela Agência Nacional de Águas (ANA).
A análise é uma parceria entre a ANA e a Universidade de Brasília (UnB), que coletam amostras da rede de esgoto em oito estações da Caesb. O levantamento, que se debruçou sobre as análises de 1º a 28 de maio, revelou que houve um pico na detecção do vírus a partir da segunda quinzena do mês.
A carga RNA viral subiu de 21,8 bilhões de cópias por dia, para cada 10 mil habitantes na semana 18, para 311,3 bilhões de cópias na semana 21. "Esse aumento sistemático é condizente com os valores da taxa de transmissão da Covid-19, que foi superior a 1 entre as semanas 19 a 21", diz o relatório.
Os diagnósticos de infecção pelo vírus têm aumentado nas últimas semanas: na primeira semana de junho, a Codeplan registrou um salto de 167,3% nos contágios. Apenas na quinta-feira (9), a Secretaria de Saúde registrou 4.898 novos casos. A taxa de reprodução do coronavírus chegou a 1,72, o que indica aceleração no ritmo de contaminações.
A análise do esgoto revela ainda a subnotificação de diagnósticos de Covid-19, em razão da testagem limitada da população ou de pessoas assintomáticas que não fazem exame. Isso porque mesmo os contaminados assintomáticos ou os infectados que não foram testados vão, inevitavelmente, eliminar fragmentos do coronavírus nas fezes, que vão parar na rede de esgoto, de onde são tiradas as amostras para análise.