COP30: Japão pede ao Brasil extradição de ativista canadense defensor das baleias
Governo japonês tem conflito com o ativista, que está no Brasil para a COP30, há mais de dez anos
Brasília|Bruna Pauxis, do R7, em Brasília
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A Embaixada do Japão está pressionando o Brasil para a extradição do ambientalista Paul Watson, que está no país para eventos da COP30. O governo japonês acusa Watson de cometer atentados contra embarcações asiáticas.
Watson é fundador das ONG’s Greenpeace e Sea Sheppard e atua contra a caça de baleias no Oceano Pacífico, atividade que, segundo ele, o país asiático estaria praticando de forma ilegal, com a justificativa de fins científicos.
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Esta semana, a embaixada enviou ao Palácio do Planalto uma carta solicitando a extradição do ativista. Em resposta, a Sea Sheppard entrou na Justiça com um pedido de habeas corpus preventivo, para garantir a liberdade do estrangeiro enquanto ele estiver no país para a COP30.
A organização ativista documentou e denunciou, internacionalmente, a prática de caça às baleias em águas protegidas, como o Southern Ocean Whale Sanctuary.
As ações da Sea Sheppard resultaram na decisão da Corte Internacional de Justiça, em 2014, de definir que o programa japonês não possuía caráter científico legítimo.
Conflitos antigos
Em 2012 os governos do Japão e da Costa Rica pediram à Interpol que o nome de Watson fosse incluído em sua lista vermelha, ferramenta que garante que os países consigam trocar informações, fazer buscas automáticas e cruzar dados para localizar indivíduos.
Em julho de 2024, com o uso da lista, o ativista foi preso enquanto participava de um evento na Groenlândia e passou cinco meses em uma penitenciária local até o governo dinamarquês o libertar.
Este ano, a Interpol afirmou ter removido o nome do canadense de sua lista vermelha, reconhecendo que o pedido japonês é motivado por razões políticas.
A organização também afirmou que é desproporcional utilizar a lista para este fim, uma vez que a ferramenta é geralmente usada para rastrear assassinos e terroristas.
O que diz Paul e a Sea Sheppard?
Em nota, a Sea Sheppard disse que o conflito entre o país asiático e o ativista é considerado por diversos especialistas como um processo de natureza política.
“Desde 2010, após confrontos com a frota baleeira japonesa no Oceano Antártico, o Japão tenta enquadrar Watson como criminoso por motivos banais, uma forma de retaliação às ações diretas de proteção às baleias”, escreveu a organização.
A ONG também pediu que o Brasil não ceda às pressões externas. “Proteger quem protege o planeta é um dever ético e jurídico. Às vésperas de um dos eventos mais importantes no combate à crise climática e após todo o embate jurídico já finalizado, receber este novo pedido de extradição de um dos maiores defensores do meio ambiente no mundo é um grande desrespeito ao planeta, à humanidade e a todos os demais seres que vivem na Terra”, argumentou Nathalie Gil, presidente da Sea Shepherd Brasil.
Watson defendeu que está sendo “punido” pelo governo japonês, que está defendendo a caça ilegal de baleias.
“Tudo o que conseguirão é expor ainda mais sua natureza criminosa, sua ganância desmedida e seu compromisso imoral em destruir a diversidade da vida no oceano”, disse o ativista.
O que diz o Japão?
Contatada pela redação, a Embaixada do Japão no Brasil afirmou que o governo japonês “não vai emitir nenhuma nota sobre o tema”.
O R7 ressalta, no entanto, que o espaço para diálogo e esclarecimentos segue aberto.
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