Cotado para Fazenda, Haddad é escalado para almoço com banqueiros em São Paulo
Lula escolheu o ex-prefeito para testar as reações do mercado diante da possibilidade de ele assumir o Ministério
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
Em meio à pressão para indicar o ministro da Fazenda, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escalou o ex-prefeito Fernando Haddad, cotado para o cargo, para representá-lo no almoço realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) nesta sexta-feira (25). Além de Haddad, Lula escalou, ainda, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) para o encontro, que reúne representantes dos principais bancos do país.
O presidente eleito escolheu Haddad para testar as reações do mercado diante da possibilidade de ele assumir o Ministério da Fazenda. O setor, no entanto, tem ressalvas com o nome do ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação.
Suspenso em 2020 em razão da pandemia de Covid-19 e em formato virtual em 2021, o evento da Febraban retorna no formato presencial neste ano com 350 convidados na Casa Charlô, em São Paulo. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também participará.
Leucoplasia
O presidente eleito está em São Paulo se recuperando de um procedimento de retirada de uma leucoplasia na prega vocal esquerda. O petista deu entrada no Hospital Sírio-Libanês na noite de domingo (20) e recebeu alta na manhã de segunda-feira (21). Desde então, o petista está em casa, apenas com reuniões internas.
Segundo especialistas, leucoplasia é uma alteração na mucosa. No caso do presidente eleito, da mucosa da garganta. O exame realizado no hospital, de acordo com a equipe de Lula, não apresentou nenhuma alteração no tecido.
Agenda com Jaques Wagner
Segundo apurou o R7, uma das agendas desta sexta-feira (25) de Lula será com o senador Jaques Wagner (PT-BA), escalado para a articulação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do estouro. Nessa quinta-feira (24), o parlamentar disse que a indicação do futuro ministro da Fazenda facilitaria a tramitação da matéria.
Questionado se o governo eleito deveria indicar um nome para a articulação do texto no Congresso, o senador afirmou que "falta mais, por enquanto, [para saber quem será] o ministro da Fazenda". "Estou ajudando porque é minha experiência, de articulador político, mas não sou eu quem está fazendo sozinho, tem muita gente envolvida. É que querem pôr tudo nas minhas costas", completou.
Wagner afirmou que a indicação de quem vai ocupar o Ministério da Fazenda na terceira gestão de Lula melhoraria a tramitação da PEC. "Acho que facilita, mas não depende de mim. Estou dando opinião, quem decide é o presidente. O problema é que não tem nome na mesa, tem nome na cabeça do presidente", completou.
PEC do estouro
Diante da falta de consenso, a PEC do estouro não foi protocolada nesta quarta-feira (23), como estava previsto pela equipe de transição. Neste momento, a discussão gira em torno do valor do gasto fora do teto e por quanto tempo será a validade desse estouro. O texto deve ser entregue na próxima semana.
O governo eleito negocia com o Congresso Nacional se o Orçamento ficará fora do teto de R$ 175 bilhões ou R$ 198 bilhões e qual será o prazo de validade do texto. O mínimo para a equipe de transição, até o momento, seria um estouro de R$ 175 bilhões, e o prazo, acima de um ano. Parlamentares do centrão, por exemplo, defendem o período máximo de dois anos.
Wagner, um dos articuladores da proposta, reconheceu, nesta quarta-feira (24), que o período de excepcionalização talvez não seja o de quatro anos. "O prazo de quatro anos é o nosso desejo, mas nem sempre na democracia você sai com o desejo atendido", disse o senador.