CPMI do 8 de Janeiro já tinha cogitado prender Silvinei Vasques por falso testemunho
O ex-diretor da PRF foi o primeiro a depor na comissão; após a participação dele, parlamentares pediram quebra de sigilo
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
Preso nesta quarta-feira (9) por suspeita de uso da máquina pública para interferir no processo eleitoral, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques já havia chegado perto da prisão durante depoimento à CPMI do 8 de Janeiro. Os membros cogitaram a medida alegando falso testemunho. Vasques foi o primeiro a ser ouvido na comissão e teve o sigilo de informações quebrado após pedido dos parlamentares.
A defesa do ex-diretor chegou a acionar a Justiça para impedir a liberação dos dados pessoais, sob a justificativa de que a decisão da CPMI viola os "direitos à imagem e à privacidade". Em resposta do Supremo Tribunal Federal, o colegiado afirmou haver indícios de que Silvinei "teria participado, enquanto diretor-geral da PRF, de possíveis fatos preparatórios ao 8 de Janeiro". Foi com essa explicação que os parlamentares disseram ter chegado a cogitar a prisão dele.
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Em nota, a PRF informou que, paralelamente às investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), foram abertos três processos administrativos disciplinares para apurar a conduta de Silvinei. Os procedimentos foram encaminhados à Controladoria-Geral da União (CGU), órgão com competência para apurar a conduta do ex-diretor.
A CPMI também apura a conduta de Vasques na liderança da PRF no dia do segundo turno das eleições. A corporação realizou operações no Norte e Nordeste, e a suspeita é de interferência no trajeto de eleitores para chegarem aos locais de votação, com foco nas áreas onde o então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha maior eleitorado.
À época, Silvinei chegou a declarar publicamente o voto a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pedir apoio ao então candidato à reeleição, mas apagou a postagem feita nas redes sociais após a repercussão.
Relembre o depoimento de Vasques na CPMI
Em 20 de junho, o ex-diretor-geral da PRF negou ter direcionado as operações da corporação à região Nordeste no dia do segundo turno das eleições. Vasques levou um dossiê, com mais de 300 páginas, sobre a atuação da polícia e afirmou que a corporação sofreu "a maior injustiça já realizada na história".
Silvinei também disse que a relação que tinha com o ex-presidente Jair Bolsonaro era profissional. Além disso, afirmou que as fotos que tem com o ex-chefe do Executivo só foram possíveis porque Bolsonaro "foi o único presidente que autorizou" os registros e que ter uma foto ao lado do presidente da República "emociona" os policiais.
Sobre os bloqueios em rodovias após o segundo turno das eleições, realizados por apoiadores de Bolsonaro, Silvinei negou que tenha havido omissão da PRF. A primeira interdição foi registrada em Mato Grosso do Sul, por volta das 21h15 do dia 30 de outubro — cerca de uma hora e meia após o Tribunal Superior Eleitoral ter anunciado que Lula estava matematicamente eleito. Após isso, o país chegou a registrar mais de 1.300 pontos de bloqueio em diversos estados.
Veja a íntegra da nota da PRF
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanha a Operação Constituição Cidadã, que resultou na prisão do ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, ocorrida na manhã desta quarta-feira (9), em Florianópolis (SC), e no cumprimento de mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF), determinados pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
O Corregedor-Geral da PRF, Vinícius Behrmann, acompanha a operação, desde o início da
manhã, na Sede da Polícia Federal, em Brasília. A PRF colabora com as autoridades que
investigam as denúncias de interferência do ex-diretor-geral no segundo turno das eleições para a Presidência da República, em 30 de outubro de 2022, com o fornecimento de dados referentes ao trabalho da instituição, como o número de veículos fiscalizados e multas aplicadas nas rodovias federais.
Paralelamente às investigações no STF, foram abertos três processos administrativos
disciplinares, no âmbito da PRF, para apurar a conduta do ex-diretor-geral. Os procedimentos foram encaminhados à Controladoria-Geral da União (CGU), órgão com competência para apurar a conduta do ex-diretor-geral da PRF.