CPMI do 8 de Janeiro pode votar quebras de sigilo de Bolsonaro e de cúpula da PMDF nesta terça
Pedidos estão no foco da relatora Eliziane Gama (PSD-MA), mas precisam ser acordados com a cúpula e aprovados pelo colegiado
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro votará nesta terça-feira (22) os pedidos de quebra de sigilo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de militares da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) que foram alvos da operação da Polícia Federal na última semana. O cerco em torno da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) também está entre os requerimentos de destaque.
Os pedidos citados são prioridade para a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), mas dependem de acordo com a maioria dos membros para serem votados. Uma reunião antes do início da sessão vai definir quais itens entrarão em pauta.
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Apesar de haver um movimento da ala governista para convocar Bolsonaro, a principal negociação se dá para garantir a liberação de informações financeiras dele e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. "Não diria que está na hora de convocá-lo, mas de obtermos os RIFs (relatórios de inteligência financeira) dele e da Michelle", disse Eliziane.
Há resistência por parte do presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), em abrir caminhos no colegiado para investigar o esquema de vendas de joias dadas a Bolsonaro por autoridades estrangeiras. Ele alega desvio de foco. No entanto, Eliziane sustenta que o objetivo não é apurar o esquema em si, mas investigar o fluxo do dinheiro que financiou o 8 de Janeiro.
A relatora alega que o depoimento do hacker Walter Delgatti, na última quinta-feira (17), foi importante para direcionar os novos pedidos. Além de mirar diretamente em Bolsonaro, Eliziane também quer informações sigilosas de todos os envolvidos que teriam participado de uma reunião entre Delgatti e Carla Zambelli e do suposto esquema para tratar da invasão de urnas eletrônicas antes das eleições de 2022.
Delgatti afirmou ter recebido R$ 40 mil da deputada para invadir o sistema do Judiciário e declarou que foi ela a responsável por escrever o falso decreto do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que pedia a própria prisão. A defesa da deputada negou relações dela com o hacker. Em nota divulgada na quinta-feira (17), o advogado de Zambelli diz que "refuta e rechaça qualquer acusação de prática de condutas ilíticas ou imorais pela parlamentar".
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Há pedidos de quebra de sigilo telefônico e telemático de Zambelli; do presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto; do marido e do irmão da deputada, Antonio Aginaldo de Oliveira e Bruno Zambelli Salgado; além do assessor da parlamentar Renan Cesar Silva Goulart. Oficiais das Forças Armadas citados pelo hacker também estão na mira da CPMI.
O ex-assessor de Bolsonaro Marcelo Câmara também pode ser convocado. Ele é citado nas investigações da Polícia Federal sobre o esquema da venda ilegal de joias e pelo hacker como sendo o responsável por encaminhá-lo ao Ministério da Defesa por ordem do ex-presidente.
Cúpula da PMDF
Em uma outra vertente para apurar omissão por parte do comando das forças de segurança em impedir as invasões aos prédios públicos dos Três Poderes, a comissão quer a transferência de sigilo telefônico e telemático dos sete alvos da operação da PF da última sexta (18).
Entre eles estão o comandante-geral da PMDF, coronel Klepter Rosa Gonçalves; o coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da corporação, afastado depois do 8 de Janeiro; e outros cinco oficiais.
"A quebra e a transferência dos dados ora solicitados permitirão delimitar os exatos contornos da participação da pessoa supraqualificada no âmbito da situação investigada", justificam os requerimentos.