CPMI do 8 de Janeiro vota pedido para Abin compartilhar relatórios de acampamentos em quartéis
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) defende que os acampamentos de manifestantes têm relação com os atos extremistas de 8/1
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
A CPMI do 8 de Janeiro analisa nesta quinta-feira (3) um requerimento que pede que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) encaminhe relatórios e informes relacionados aos acampamentos, manifestações e eventos promovidos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entre 1º de outubro de 2022 e 1º de janeiro de 2023.
O requerimento é de autoria da relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que defende que os ataques de 8 de janeiro decorreram de uma série de outros movimentos articulados por todo o país. Ela alega que a radicalização dos manifestantes foi intensificada a partir de outubro de 2022, após o resultado das eleições.
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O pedido para que a Abin compartilhe os dados vai ser votado na comissão dois dias após o depoimento do ex-diretor adjunto do órgão, Saulo Moura da Cunha. À CPMI, ele disse que foram emitidos 33 alertas de inteligência, entre 2 e 8 de janeiro deste ano, informando sobre a possibilidade de violência nas manifestações.
Além disso, ele afirmou que o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Marco Edson Gonçalves Dias, foi informado sobre o risco de ataque às sedes dos Três Poderes.
Acampamentos em frente aos QGs do Exército
Os acampamentos formados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro começaram a ser montados em frente a Quartéis Generais (QGs) do Exército logo após o resultado do segundo turno das eleições, como forma de contestar o resultado das urnas. As mobilizações foram registradas em todos os estados do país.
Em Brasília, o acampamento começou a ser montado no dia 1º de novembro, na Praça dos Cristais, no Setor Militar Urbano. Eles tinham acesso a barracas e alimentos, além de promoverem pequenos eventos nos arredores do QG utilizando um trio elétrico.
Durante o tempo em que ficaram acampados, os manifestantes pediram o auxílio do Exército para uma "intervenção federal", auditoria das urnas eletrônicas e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Em ofício enviado ao Supremo no início de março, o Governo do Distrito Federal disse que tentou desmobilizar o acampamento em três ocasiões antes do dia 8 de janeiro, mas que o Exército atrapalhou as operações. A versão foi confirmada pelo ex-secretário de Segurança Pública do DF Júlio Danilo, em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do DF.
O acampamento só foi desmobilizado no dia 9 de janeiro, dia seguinte aos atos de vandalismo. Na ocasião, a Polícia Federal prendeu em flagrante 2.151 pessoas que estavam acampadas no local por suspeita de participação nos ataques.