Defesa de hacker da Vaza Jato diz que comprovou à PF pagamentos de R$ 40 mil feitos por Zambelli
Advogadode Delgatti Netto, Ariovaldo Moreira afirma que R$ 14 mil foram pagos em depósito, e o restante do valor teria sido em espécie
Brasília|Do R7
A defesa do hacker da "Vaza Jato", Walter Delgatti Neto, afirma que entregou à Polícia Federal, nesta quarta-feira (16), conversas que comprovam pagamentos da deputada Carla Zambelli que chegam a R$ 40 mil. O advogado de Delgatti Neto, Ariovaldo Moreira, afirma que R$ 14 mil foram pagos em depósito e que bo restante do valor teria sido em espécie. A defesa da deputada Carla Zambelli disse que só vai se manifestar depois de ter conhecimento integral do conteúdo dos autos. "Porém [a defesa] reforça e rechaça qualquer acusação de prática de conduta ilícita e imoral pela parlamentar, inclusive, negando qualquer tipo de pagamento ao mencionado hacker", afirma em nota.
O depoimento do hacker durou cerca de três horas e meia. Moreira também disse que não houve avanços com a PF sobre um acordo de delação premiada. A defesa ainda ressaltou que a versão do último depoimento teria sido confirmada, e o hacker apresentou "mais provas de que está falando a verdade".
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Delgatti foi preso por suspeita de ter invadido o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e prestou depoimento sobre a suposta tentativa de inserção de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.
Silêncio na CPMI
A defesa de Walter Delgatti, conhecido por ter dado origem à operação "Vaza Jato", pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que ele possa ficar em "silêncio absoluto" diante de perguntas que possam incriminá-lo durante o depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 8 de Janeiro. O hacker vai prestar depoimento à CPMI nesta quinta (17). A oitiva havia sido marcada inicialmente para o dia 10, mas foi adiada.
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"Considerando que a decisão que o convocou para depor na CPMI determina que o mesmo tem o dever legal de manifestar-se sobre os fatos e acontecimentos relacionados ao objeto da investigação, considerando ainda que qualquer declaração do paciente poderá prejudicá-lo, além de que existe o risco de que atos constrangedores possam ocorrer durante o seu depoimento perante a CPMI, a presente impetração possui o único propósito de assegurar-lhe o direito ao silêncio absoluto", disse a defesa.
Relembre
As ações ocorrem no escopo de inquérito policial instaurado para apurar a invasão do sistema do CNJ, que tramitou perante a Justiça Federal, mas teve declínio de competência para o STF em razão do surgimento de indícios do possível envolvimento de uma pessoa com prerrogativa de foro.
Os crimes apurados ocorreram entre 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ — e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil — 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do STF Alexandre de Moraes.
As inserções fraudulentas ocorreram após a invasão criminosa dos sistemas em questão, com a utilização de credenciais falsas obtidas de forma ilícita. Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.