Depois de jantar com chanceler alemão, Lula pede investimentos e diz que Brasil é a 'bola da vez'
Scholz e Lula devem discutir nesta segunda o acordo entre Mercosul e União Europeia, cujas negociações estão em fase final
Brasília|Luiz Fara Monteiro, enviado especial da Record a Berlim, e Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu, neste domingo (3), investimentos alemães no Brasil durante agenda em Berlim, a capital da Alemanha. Depois de jantar com Olaf Scholz, chanceler federal alemão, o petista incentivou a entrada de recursos estrangeiros no Brasil e declarou que o país "é a bola da vez". "Eles precisam se voltar para o Brasil, sobretudo neste momento em que o Brasil está trabalhando a questão de energia limpa, transição energética, Amazônia e biodiversidade. O Brasil é a bola da vez, é só investir”, destacou Lula após o evento de boas-vindas organizado por Scholz.
Lula, que classificou o encontro como "excepcional", falou sobre os investimentos alemães dentro do território europeu. "Amanhã [segunda-feira] nós vamos ter uma reunião intensa de trabalho. Queremos reforçar nossa parceria estratégica com a Alemanha. Tenho dito aos companheiros da Alemanha que faz muito tempo que a Alemanha não investe na América do Sul e no Brasil. Depois da queda do Muro de Berlim [em 1989], a Alemanha se voltou muito a ocupar espaço na Alemanha Oriental. Então, eles já fizeram todas as fábricas que tinham que fazer na Europa Oriental, já fizeram todo o investimento e já ganharam o direito de exportação", avaliou Lula.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o comércio entre Brasil e Alemanha chegou a US$ 19 bilhões em 2022. De janeiro a outubro deste ano, as trocas alcançaram R$ 15,9 bilhões. Mais de mil empresas da Alemanha atuam em solo brasileiro.
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O petista, que chegou à Alemanha neste domingo (3), deve ficar no país até a próxima terça-feira (5). Scholz e Lula também devem discutir o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, cujas negociações estão em fase final.
Na segunda-feira (4), o presidente brasileiro participa de reunião com ministros da Alemanha e do Brasil. Estão previstas as assinaturas de diversos acordos bilaterais, relativos a meio ambiente e mudança climática, agricultura, bioeconomia, saúde, ciência, tecnologia e inovação, desenvolvimento global, integridade da informação e combate à desinformação.
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Antes, Lula vai se encontrar com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier. Ainda na segunda (4), o petista participa de fórum empresarial, com representantes brasileiros e alemães. A primeira-dama, Janja da Silva, acompanha Lula na viagem.
COP 28
Antes de desembarcar na Europa, Lula cumpriu agenda em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde participou da 28ª Conferência de Mudança Climática das Nações Unidas (COP28). Neste domingo (3), o presidente brasileiro conversou com jornalistas em Dubai, antes de se dirigir à Alemanha, e fez um balanço da participação do país na COP28. Lula também comentou o acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
No sábado (2), o presidente da França, Emmanuel Macron, expressou firme oposição à parceria de livre-comércio. Para ele, a iniciativa contraria a defesa da biodiversidade e o combate às mudanças do clima. "É um acordo que não é bom para ninguém", declarou o francês.
Lula aproveitou para rebater as falas de Macron neste domingo (3). "A posição do nosso companheiro presidente da França é conhecida historicamente. A França sempre foi o país que criou obstáculo no acordo. Se não tiver acordo, paciência. Não foi por falta de vontade. A única coisa que tem que ficar clara é que não digam mais que é por conta do Brasil. E que não digam mais que é por conta da América do Sul. Assumam a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão. É sempre ganhar mais. E nós não somos mais colonizados. Nós somos independentes", respondeu Lula.