O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino se tornou o quarto a votar no julgamento da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e elevou para quatro a zero o placar para condenação e perda do mandato da parlamentar.Zambelli é acusada dos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. O episódio aconteceu na véspera do segundo turno das eleições de 2022, quando ela perseguiu um homem armada em uma rua de um bairro nobre de São Paulo.O relator do caso, ministro Gilmar Mendes, votou para condenar a deputada a 5 anos e 3 meses de prisão, pela perda do mandato da parlamentar, pela cassação de sua autorização para porte de armas e pela devolução da arma apreendida ao Comando do Exército. A posição foi seguida por outros três magistrados: Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e, agora, Flávio Dino. A posição mais recente destacou trechos do voto de Gilmar Mendes e apontou críticas à ação da parlamentar.“É uma contradição insanável que um representante político ameace gravemente um representado, como se estivesse acima do cidadão ao ponto de sujeitá-lo com uma arma de fogo, em risco objetivo de perder a sua vida”, afirmou Dino, em voto.“Acompanho integralmente o voto do Ministro Gilmar Mendes no que se refere à dosimetria da pena, inclusive quanto à decretação da perda do mandato eletivo, como consequência da condenação penal”, indicou, em outro momento.O julgamento ocorre em plenário virtual da Corte e seguirá disponível para inclusão de votos entre magistrados até 23h59 de sexta-feira (28).A Procuradoria-Geral da República denunciou a deputada por dois crimes: porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com arma de fogo. O porte ilegal de arma ocorre quando alguém porta uma arma sem a devida autorização, o que é considerado crime pelo Estatuto do Desarmamento, com pena de 2 a 4 anos de prisão. Já o constrangimento ilegal acontece quando alguém é forçado a não fazer o que a lei permite ou a fazer o que ela não manda, por meio de violência ou ameaça, especialmente com o uso de arma de fogo. Neste caso, a pena inicial é de 3 meses a 1 ano, sendo dobrada se a arma for utilizada.O julgamento no STF também aborda a atitude de Zambelli em desrespeitar uma resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que proibia o porte de armas e munições por CACs (colecionadores, atiradores e caçadores) nas 24 horas antes e depois das eleições.O gabinete da deputada divulgou um comunicado sobre o julgamento. “Tenho total confiança na Justiça e acredito que, com o esclarecimento completo dos fatos, minha inocência será comprovada”, disse Zambelli.Em janeiro deste ano, Zambelli teve seu diploma de deputada federal cassado pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), que a tornou inelegível por 8 anos. A ação foi movida pela deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que acusou Zambelli de abuso de poder político e de disseminação de informações falsas sobre o processo eleitoral de 2022.A parlamentar ainda pode recorrer ao TSE quanto à cassação de seu diploma.