Distrito Federal soma 280 órfãos de mães mortas pelo companheiro em 8 anos
Diante do número, governo anunciou a criação de um grupo para combater o feminicídio e apoiar vítimas de violência doméstica
Brasília|Luiz Calcagno, do R7, em Brasília
O Distrito Federal contabiliza 280 órfãos de mães assassinadas pelo companheiro entre 2015 e 2022, uma média de mais de três casos de feminicídio por mês. Somente nas primeiras cinco semanas de 2023, cinco mulheres foram vítimas de feminicídio.
Diante da alta nos números, a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), criou uma força-tarefa para auxiliar no combate ao feminicídio na capital e apoiar vítimas de violência doméstica.
O grupo vai levantar os pontos fortes e fracos no combate a essa modalidade de violência e coordenar campanhas e ações para incentivar a denúncia dos casos de violência doméstica. Celina se reuniu com nove secretários, a Defensoria Pública do DF e a Companhia Energética de Brasília para tratar do tema.
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Entre as ações previstas está uma campanha publicitária contra a violência e o assédio. A iniciativa deve começar no Carnaval, com abordagens e debates sobre o tema nas escolas públicas.
"Temos várias redes, mas é a primeira vez que a Secretaria de Comunicação é chamada para o enfrentamento. O secretário, Wellington Moraes, disse aqui que muita coisa era feita, mas faltava essa integração na ponta", afirmou a secretária da Mulher, Giselle Ferreira.
Vamos colocar uma campanha institucional para as mulheres saberem quem procurar%2C onde têm que ir%2C o que têm que fazer para denunciar. Em 70% dos feminicídios%2C as mulheres não denunciam os agressores. Por quê%3F
A próxima reunião técnica do grupo acontecerá em 15 de fevereiro. Entre os presentes no encontro estavam a secretária da Mulher, Giselle Ferreira, a secretária de Justiça, Marcela Passamani, a secretária de Saúde, Lucilene Queiroz, a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, e o presidente da CEB, Edson Garcia.
Justiça
Celina Leão já havia conversado sobre o tema com o R7 e a Record TV na manhã da quarta-feira (8). Na ocasião, a governadora explicou que a intenção é também envolver o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), o Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) e a Câmara Legislativa do DF (CLDF), além de garantir condições para que mulheres vítimas de violência deixem seu algoz.
Caso recente
A iniciativa ocorre após a capital federal registrar ao menos cinco feminicídios entre 1° de janeiro e o fim da primeira semana de fevereiro. No último caso, em Ceilândia, Paulo Roberto Moreira matou a ex-companheira, Izabel Aparecida de Souza, 37 anos, com um tiro na cabeça. O crime ocorreu na casa da vítima, na frente da filha do casal.