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R7 Brasília

'Ele estava sabendo', diz esposa de Milton Ribeiro no dia da prisão; ouça

O ex-ministro da Educação foi preso em operação da PF que investiga corrupção na pasta; ele foi solto após habeas corpus

Brasília|Alan Rios e Augusto Fernandes, do R7, em Brasília

Ex-ministro da Educação Milton Ribeiro
Ex-ministro da Educação Milton Ribeiro

A esposa do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro disse, em ligação interceptada no dia da prisão, que ele "estava sabendo" do que aconteceria. Investigadores da Polícia Federal tiveram acesso a uma conversa de Myrian Ribeiro durante a operação cujo alvo era o pastor que comandava o MEC.

No diálogo, Myrian diz que um homem chamado Matheus estava explicando a ela a tentativa da defesa de entrar com habeas corpus para Milton Ribeiro. A esposa de Milton Ribeiro, então, afirma que "o negócio já estava certo". Ouça:

“O Matheus estava explicando que o advogado vai tentar um habeas corpus e talvez... Fica em Santos... Ele tava, no fundo, ele não queria acreditar, mas ele estava sabendo. Para ter rumores... da alta, coisa, é porque o negócio já estava certo”, diz ela.

A ligação foi feita entre Myrian e um interlocutor chamado Edu e aumenta suspeitas de que as informações sobre a operação da PF que culminou com a prisão do ex-ministros foram vazadas.


Em outro áudio divulgado mais cedo, de uma conversa por telefone entre Milton Ribeiro e a filha, o ex-ministro diz que recebeu uma ligação do presidente Jair Bolsonaro (PL), quando o chefe do Executivo levantou um temor de que Ribeiro fosse alvo de uma operação da Polícia Federal.

"Hoje o presidente me ligou... Ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? [...] Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... Em casa, sabe... É muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios", disse o ex-ministro.


A filha então responde: "Eu não sei se ele tem alguma informação... Eu tô te ligando do meu... Eu tô te ligando do celular normal, viu, pai?". Em seguida, Ribeiro diz: "Então depois a gente se fala".

O MPF (Ministério Público Federal) apontou possível interferência de Bolsonaro nas investigações sobre o caso e pediu que fosse enviada parte dos autos ao STF (Supremo Tribunal Federal). O juiz Renato Borelli, autor do mandado de prisão contra Ribeiro, atendeu ao pedido feito pelo MPF e enviou o material ao Supremo. O caso será relatado pela ministra Cármen Lúcia.


Defesa

Após o envio do processo ao STF, o advogado do ex-ministro, Daniel Bialski, questionou o pedido para prisão do cliente, feito pela 15ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal. No entendimento dele, se havia, de fato, alguma pessoa com foro privilegiado citada na ação (como é o caso do presidente da República), o processo deveria ter sido remetido imediatamente ao STF.

"Causa espécie que se esteja fazendo menção a gravações/mensagens envolvendo autoridade com foro privilegiado, ocorridas antes da deflagração da operação. Se assim o era, não haveria competência do juiz de primeiro grau para analisar o pedido feito pela autoridade policial e, consequentemente, decretar a prisão preventiva", afirmou o advogado, que frisou que vai pedir a anulação de todos os "atos e decisões tomadas" no âmbito do processo.

Advogado do presidente Bolsonaro, Frederick Wassef disse que o chefe do Executivo "nada tem a ver com essa história" e que ele "está sendo vítima de mentiras e calúnias". "Se porventura alguém estiver usando o nome do presidente de forma indevida, sem seu conhecimento e autorização, isso não pode ser deturpado, distorcido, tirado de contexto para tentarem responsabilizar o presidente da República", ponderou.

Wassef também garantiu que não houve nenhuma tentativa de interferência na Polícia Federal. "É um afronto desrespeito à instituição da Polícia Federal e à Superintendência da Polícia Federal de Brasília. Além de séria e íntegra, é a mais rigorosa do Brasil. Não existe a mínima possibilidade de nenhuma autoridade interferir junto à Polícia Federal. São mentiras infundadas. O presidente Bolsonaro não interfere na Polícia Federal e jamais interferiu na Polícia Federal ou em qualquer outra instituição de seu governo."

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