Em comunicado ouvido por Putin, Lula diz que negociar paz entre Rússia e Ucrânia é ‘crucial’
Presidente brasileiro participou do evento por videoconferência e voltou a criticar atuação de países que estão em conflito
Brasília|Do R7
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar, nesta quarta-feira (23), as atuações de países que estão em guerra. Em discurso feito por videoconferência na cúpula dos Brics, o petista afirmou ser crucial “iniciar as negociações de paz” e disse que os conflitos têm potencial de se tornarem globais.
O evento é realizado em Kazan, na Rússia.
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“Como disse o presidente [da Turquia, Recep Tayyip] Erdogan na Assembleia Geral da ONU, Gaza se tornou “o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo”. Essa insensatez se alastra para a Cisjordânia e para o Líbano. Evitar uma escalada e iniciar as negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia”, disse Lula.
“No momento em que enfrentamos duas guerras, com potencial de se tornarem globais, é fundamental resgatar nossa capacidade de trabalhar juntos em prol de objetivos comuns. Por isso, o lema da presidência brasileira [dos Brics, que se inicia em janeiro de 2025] será fortalecer a cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável”, completou.
Lula participou da agenda por videoconferência. Na cidade russa, estavam presentes os demais líderes do grupo, como Xi Jinping (China) e Vladimir Putin (Rússia). O brasileiro não pode comparecer devido ao acidente doméstico sofrido no último sábado (19), no Palácio da Alvorada, em Brasília. O presidente caiu no banheiro e precisou levar cinco pontos na nuca.
Na última segunda-feira (21), Lula declarou que a queda foi grave, mas não afetou nenhuma parte mais delicada. “Eu tive um acidente aqui. Uma bobagem minha. Eu estou cuidando, porque qualquer coisa na cabeça é muito forte. Então, eu estou aguardando, porque os médicos disseram que eu tenho que esperar pelo menos uns três, quatro dias para eles saberem qual foi o estrago que fez a batida”, afirmou.
Cúpula dos Brics
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, representa o Brasil no encontro. Esta edição da cúpula tem como principal pilar a criação da categoria de países parceiros, discutida na última reunião do grupo, na África do Sul, no ano passado. A programação incluiu um jantar de boas-vindas oferecido pelo presidente da Rússia.
Inicialmente, os Brics reuniam Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Entraram para o grupo posteriormente Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos. Trata-se da primeira cúpula com os novos integrantes, que são considerados membros plenos e, por isso, também têm poder de veto.
Na cúpula, os Estados fecharam a lista dos países candidatos ao status de parceiros do grupo econômico. Treze nações foram consideradas, entre elas Cuba e Bolívia. A Venezuela, do ditador Nicolás Maduro, foi excluída da turma, após articulação do governo brasileiro.
Estão no grupo de convidados a Turquia, Indonésia, Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda. Agora, cada nação precisa bater o martelo sobre a entrada em um futuro próximo, a fim de evitar situações semelhantes à da Argentina.