Em discurso no U20, Lula reforça luta contra a pobreza e pela reforma da governança mundial
Presidente mencionou guerra na Faixa de Gaza e defendeu financiamentos para Sul Global em evento com prefeitos
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília, e Ana Isabel Mansur, do R7, no Rio de Janeiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou, neste domingo (17), a luta global contra as desigualdades e voltou a defender a reforma de instituições multilaterais, como a Organização das Nações Unidas e o Banco Mundial. O petista participou da sessão de abertura da Urban 20, iniciativa que reúne os prefeitos dos países que compõem o grupo das principais economias do planeta. O evento é realizado no Rio de Janeiro e antecede a cúpula dos líderes, prevista para segunda-feira (18).
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“Em sociedades cada vez mais desiguais, o lugar onde uma pessoa mora é determinante no seu acesso à educação, à saúde, ao trabalho e à segurança pública... Um quarto dos habitantes do planeta vive em assentamentos precários. No Brasil, as mulheres negras são maioria nesses territórios. Seus filhos são as maiores vítimas da desigualdade e da violência urbana, que todos os anos cobra um número de vidas semelhante aos das guerras mais violentas”, disse Lula.
“O planejamento urbano também terá um papel crucial na transição ecológica e no enfrentamento à mudança do clima – segunda prioridade do nosso G20. As cidades são responsáveis por 70% das emissões de gases de efeito de estufa e 75% do consumo global de energia. Esses mesmos centros urbanos estão desproporcionalmente expostos às consequências das mudanças climáticas, à subida do nível dos oceanos, às ondas de calor, à insegurança hídrica e a enchentes avassaladoras, como as que vimos recentemente no Sul do Brasil, na Colômbia e na Espanha”, acrescentou.
Na sequência, o presidente argumentou que as cidades não podem custear sozinhas a transformação urbana e destacou que os municípios não podem ser negligenciados diante dos novos mecanismos de financiamento da transição climática. “Infelizmente, os governos esbarram em uma enorme lacuna de financiamento no Sul Global. Apenas uma parcela dos recursos necessários chega aos países em desenvolvimento e uma parte ainda menor alcança nossas metrópoles."
Lula defendeu, então, a reforma da governança global como uma saída para o problema, incluindo órgãos financeiros, como Banco Mundial. “Não será possível construir uma Nova Agenda Urbana sem investimento e sem governança multilateral adequada”, garantiu o brasileiro.
Guerras
Na agenda, Lula abordou os conflitos ao redor do globo, mas apenas mencionou o que ocorre na Faixa de Gaza. “Falar em reforma da governança também implica em repudiar a destruição das guerras. A Faixa de Gaza, um dos mais antigos assentamentos urbanos da humanidade (4000 A.C), teve dois terços de seu território destruídos por bombardeios indiscriminados. 80% de suas instalações de saúde já não existem mais. Sob seus escombros jazem mais de 40 mil vidas ceifadas. Não haverá paz nas cidades se não houver paz no mundo", disse.