Em dois meses, polícia registrou 73 crimes cometidos por acampados em QG do Exército, mostra relatório
Relatório da intervenção militar contabiliza ocorrências como furto, agressão e hostilidade a autoridades e imprensa
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
A Polícia do Distrito Federal registrou 73 ocorrências de crimes diversos ocorridos no acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, nos dois meses em que extremistas contrários ao resultado da eleição presidencial ocuparam o espaço. Entre as ocorrências estão casos de furto, crime contra a honra, lesão corporal, danos ao patrimônio e acidente de trânsito com vítima. Os crimes ocorreram na área do acampamento e em outras regiões de Brasília.
Cinco casos de hostilização a autoridades e profissionais da imprensa também foram registrados. Os números constam no relatório da intervenção militar na segurança do Distrito Federal traz os detalhes não só dos crimes registrados dentro da estrutura montada em frente ao QG, mas também de ocorrências associadas a integrantes do acampamento.
“A centralidade fica clara e evidente porque todos os atos de vandalismo tiveram organização, planejamento e ponto de apoio no acampamento”, destacou o interventor federal na segurança pública do DF, Ricardo Cappelli, indicado pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, após os atos de depredação e vandalismo praticados por extremistas contra as sedes dos três poderes, no dia 8 de janeiro.
Entre os casos que ocorreram fora do perímetro do acampamento, mas que constam no relatório, está a pichação de prédios públicos na Esplanada dos Ministérios. Uma pessoa que participava da concentração no QG foi presa pela Polícia Civil ainda em dezembro depois de escrever palavras contra o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB) na fachada de vários ministérios.
O episódio de vandalismo na capital no dia 12 de dezembro, após a prisão do indígena José Acácio Serere Xavante, também consta entre as ações associadas a integrantes do acampamento. No dia da prisão, extremistas tentaram invadir a sede da Polícia Federal e depredaram e incendiaram carros e ônibus. Apesar das cenas de vandalismo e violência, a Polícia Militar não prendeu ninguém durante os ataques.
Outro caso ocorrido fora da área do acampamento, mas relacionado à organização no QG, de acordo com o relatório, foi a tentativa de explosão de um caminhão-tanque em frente ao Aeroporto de Brasília. Apontado como um dos responsáveis pelo atentado frustrado, George Washington de Oliveira Souza foi preso. Em seu depoimento, ele disse que morava no Pará, mas foi a Brasília para participar de manifestações contra o resultado das eleições e arquitetou com outros integrantes do acampamento o plano de explodir a bomba.
Veja a linha do tempo de incidentes relacionados ao acampamento em frente ao QG
2 de novembro de 2022
Registro de ocorrências policiais de agressões físicas, ameaça e injúria
15 de novembro de 2022
Hostilização à equipe de reportagem que tentava acompanhar a manifestação que ocorria no QG
22 de novembro de 2022
Pichações em diversos prédios da Esplanada dos Ministérios realizado por integrante do acampamento
12 de dezembro de 2022
Após a diplomação e prisão de indígena que integrava o acampamento, ocorreram atos de vandalismo com depredação e incêndio de veículos particulares e ônibus
21 de dezembro de 2022
Agentes da Polícia Federal foram hostilizados no acampamento, sendo necessário a intervenção da Polícia do Exército para garantir a saída com segurança
24 de dezembro de 2022
Localização de explosivo na via de acesso ao Aeroporto Internacional de Brasília
25 de dezembro de 2022
- Acesso indevido de indígenas à área do STF, ultrapassando barreiras instaladas. Eles reclamavam sobre a ausência de informações do indígena preso no dia 12 de dezembro e solicitavam providências por parte do Supremo
- Manifestantes tentaram se aproximar da Praça dos Três Poderes e, durante abordagem policial, constatou-se que estavam de posse de rádios de transmissão, bolas de gudes e faca
29 de dezembro de 2022
- Agente de Vigilância Ambiental foi hostilizado do acampamento, quando tentava realizar trabalho de combate à dengue
- Agentes do DF Legal foram hostilizados e expulsos do acampamento
30 de dezembro de 2022
Hostilização a repórter que tentava realizar cobertura sobre a manifestação na área do acampamento
7 de janeiro de 2023
- Ânimos exaltados devido ao impedimento de entrada de veículos no acampamento
- Bloqueios desfeitos por manifestantes
- Interdição da via N1/Eixo Monumental
8 de janeiro de 2023
- Indivíduo portando rojões, máscaras, vinagre, estilingue
- Enfrentamento com as forças de segurança (barreira de revista)
- Agressões físicas dirigidas aos policiais
- Atos de violência: depredação e invasão às sedes dos Três Poderes
Os participantes de atos de vandalismo que invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro promoveram quebradeira no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)
Os participantes de atos de vandalismo que invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro promoveram quebradeira no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)
Invasão a Brasília
Manifestantes furaram o bloqueio, feito na Esplanada dos Ministérios pela Polícia Militar do Distrito Federal, em 8 de janeiro, e invadiram o Congresso Nacional, em Brasília. Os atos foram organizados por eleitores que não aceitam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.
Vídeos publicados nas redes sociais mostram o momento em que os manifestantes subiram a rampa do Congresso Nacional e invadiram a parte superior. Uma bandeira com as cores verde e amarela foi estendida no local. As imagens detalham também a reação dos policiais com bombas.
Após invadirem o Congresso Nacional, os extremistas entraram no Palácio do Planalto e no STF. Os danos causados aos prédios públicos chegam a R$ 18,5 milhões, segundo estimativas apresentadas pela Advocacia-Geral da União (AGU) em pedido para bloquear a quantia de quem financiou os atos de vandalismo.
DEPOIS: Quadro 'As mulatas', pintado por Di Cavalcanti e exposto no Palácio do Planalto
DEPOIS: Quadro 'As mulatas', pintado por Di Cavalcanti e exposto no Palácio do Planalto
Confira os prejuízos calculados
• Palácio do Planalto: R$ 7.978.773,07
• Câmara dos Deputados: R$ 1.102.058,18
• Senado: R$ 3.500.000,00
• Supremo Tribunal Federal: R$ 5.923.000,00
- TOTAL: R$ 18.503.831,25