Em evento, ministros de Lula saem em defesa de Nísia à frente do Ministério da Saúde
Recentemente, parlamentares pressionaram o Palácio do Planalto para que o posto ocupado pela ministra ficasse vago
Brasília|Plínio Aguiar, do R7 em Brasília
Na 17ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em Brasília neste domingo (2), diversos ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saíram em defesa da permanência da colega Nísia Trindade à frente do Ministério da Saúde. Ela tem sido alvo de pressão por parte de parlamentares que querem o cargo. No entanto, a troca não é discutida pelo petista.
"Minha parceira de governo, Nísia Trindade. Que mulher corajosa, forte, capaz de implementar e garantir o SUS nesse país. Nós queremos Nísia Trindade, porque precisamos do SUS, de vida, de dignidade", afirmou a ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves. "Companheira Nísia, fiz questão de vir aqui trazer um abraço para você e dizer que conte conosco, estamos juntos, para valer", disse Luiz Marinho, do Trabalho e Previdência.
Em outro momento da conferência, Nísia foi elogiada também pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. "Não poderia deixar de dar meu abraço especial nessa mulher competente, corajosa, doutora, cientista social. Uma mulher que já presidiu a Fiocruz, que tem pesquisas importantes, que é sobretudo alguém que se firma pela capacidade de liderança, pela competência e pelo compromisso que tem com a ciência e com a vida", relatou.
"Nísia, querida, eu, quando entrei no Ministério da Saúde pela primeira vez, fiquei olhando o painel dos ex-ministros. Esse ministério foi criado em 1953. Nós duas, que nascemos em 58, não éramos nem nascidas, e naquele painel só tinha homens. Ela é a primeira mulher ministra da Saúde em 70 anos de Ministério da Saúde. Portanto, estamos aqui muito felizes com a decisão do presidente Lula de honrar a saúde com uma mulher como ministra", acrescentou Marina.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, também discursou. "E também parabenizar o presidente Lula por ter escolhido, em 70 anos, a primeira ministra mulher da Saúde. É um governo que tem 11 mulheres ministras", disse.
Em outro momento da conferência, Nísia agradeceu pelo carinho recebido. "Também sou companheira dessas ministras e ministros maravilhosos aqui representados pela Cida, Marina, Sonia e Luiz Marinho."
Parlamentares pressionaram o Palácio do Planalto para que o posto ocupado pela ministra ficasse vago. No entanto, Lula não tem planos para demiti-la, de acordo com fontes. Recentemente, Nísia foi questionada sobre a cobiça do Centrão pelo cargo e respondeu que está "tranquila e feliz".
"O cargo é muito importante, mas tenho trajetória dedicada ao SUS e à democracia. Eu creio que, neste momento, aperfeiçoar as relações com o Poder Legislativo tem que ser o foco do governo, e tem sido. Como de fato chegamos a um equilíbrio nessa relação, e isso é o objetivo central. A permanência no cargo é prerrogativa do presidente, sou ministra de Estado, tenho carreira e trajetória voltada à defesa do SUS e fico tranquila e feliz", afirmou na ocasião.
Nísia Trindade foi empossada como ministra da Saúde em 2 de janeiro deste ano, tornando-se a primeira mulher a chefiar a pasta. A ministra também foi a primeira mulher a presidir a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição histórica de ciência e tecnologia e referência internacional, entre 2017 e 2022. Ela é doutora em sociologia (1997), mestre em ciência política (1989) pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj, atual Iesp) e graduada em ciências sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
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Conferência
As defesas da ministra da Saúde foram feitas na 17ª Conferência Nacional de Saúde, que tem neste ano o tema "Garantir direitos, defender o SUS, a vida e a democracia — amanhã vai ser outro dia". Ao todo, 4.048 pessoas foram eleitas delegadas para deliberar sobre 1.500 propostas e diretrizes, elaboradas em agendas municipais, estaduais e livres. O resultado deverá ser contemplado no próximo ciclo de planejamento da União, servindo de subsídio para a elaboração do Plano Nacional de Saúde e Plano Plurianual de 2024-2027.
Durante a agenda, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que Lula deve ir ao evento na quarta-feira (5), o último dia da conferência, que é realizada no Centro Internacional de Convenções do Brasil, na capital federal. A programação inclui momento cultural, atividades autogeridas, práticas integrativas e complementares em saúde (Pics) e apresentações culturais.