Em festival do G20, Lula defende que a fome seja tratada como ‘questão política’
Presidente defendeu uma aliança global contra a fome
Brasília|Rute Moraes, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, neste sábado (16), que a fome seja tratada como uma “questão política”, não social. Na ocasião, o chefe do Executivo discursava em um festival cultural que antecede o G20, na Praça Mauá, na cidade do Rio de Janeiro, ao lado da primeira-dama Janja Lula da Silva, da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e do cantor Gilberto Gil.
“Quando decidimos colocar a questão da fome para ser discutida no G20, era porque queríamos transformar a fome em uma questão política. Enquanto a fome é tratada apenas como uma questão social, é apenas números estatísticos, que as pessoas utilizam em época de eleição e, depois, esquecem”, declarou Lula.
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De acordo com o presidente, as pessoas que estão em situação de fome no Brasil são tratadas “como se fossem invisíveis” em virtude da irresponsabilidade dos governantes.
“Aquela parte da sociedade que todo mundo sabe que existe, mas muita gente não quer enxergar. No mundo de hoje, em que três mil pessoas detém um patrimônio acumulado de US$ 15 trilhões de dólares, no mundo de hoje, em que tem 733 milhões passando fome e, ao mesmo tempo, US$ 2,4 trilhões são gastos por ano em defesa da guerra, só posso dizer que a fome não é uma questão da natureza, alheia ao ser humano, a fome é tratada como se não existisse por conta da irresponsabilidade de todos nós, governantes do planeta Terra”, continuou o presidente.
O petista ainda destacou que não trata o problema da fome como uma questão “alheia” e relembrou que, durante a infância, passou por dificuldades na alimentação. Ele contou que comeu pão, pela primeira vez, apenas aos 7 anos de idade, quando morava no Estado de São Paulo.
“Fui criado por uma mãe, que, muitas vezes não tendo comida para 8 filhos, ela dizia: Hoje não tem, mas amanhã vai ter”, continuou. “O que eu quero dizer para 733 milhões de habitantes que passam fome no mundo, crianças que vão dormir e acordam sem ter certeza se vão ter algum alimento para colocar na boca é: hoje não tem, mas amanhã vai ter. Porque nós temos que ter coragem e dignidade para mudar a história da humanidade que está tão perversa”, completou Lula.
Por fim, o petista lembrou que o Brasil já conseguiu sair do mapa da fome da ONU e que sua gestão pretende terminar o mandato, em 2026, sem nenhuma pessoa em situação de fome.
“Quando nós entramos em 2003, a gente tinha nesse país 54 milhões de pessoas passando fome. Em 2014, o Brasil, reconhecido pela ONU, saiu do Mapa da Fome. Eu voltei em 2023 [à presidência do país] e o Brasil já tinha 33 milhões de pessoas passando fome. Em apenas um ano e nove meses, nós já tiramos 24 milhões de pessoas da fome. E até 2026, a gente não vai ter nenhum brasileiro passando fome, porque todos terão o direito conquistado de tomar café da manhã, almoçar e jantar todo santo dia, porque é o mínimo compromisso que um presidente da República tem que assumir com o seu povo”, afirmou.
Intitulado de Aliança Global Festival, o evento termina hoje e começou na quinta-feira (14). A ação é realizada em parceria com a OEI, Serpro, Apex, Banco do Brasil, BNDES, Caixa Econômica Federal, Itaipu, Petrobras, Prefeitura do Rio de Janeiro, BID e PNUD.