Em menos de cinco meses, DF registra sete animais com raiva, dois a mais do que 2023 inteiro
Foram quatro morcegos, dois bovinos e um equino desde o começo do ano, e houve 4.283 atendimentos para tratamento antirrábico
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
De 1º de janeiro até então, o Distrito Federal registrou sete animais infectados com o vírus da raiva, dois a mais do que 2023 inteiro. Enquanto em 2024 foram quatro morcegos, dois bovinos e um equino, no ano passado foram quatro morcegos e um bovino. Nos dias 3 e 10 deste mês, a Gerência de Vigilância Ambiental encontrou dois morcegos contaminados.
Os morcegos que testaram positivo este mês foram recolhidos mortos em um jardim na região administrativa do Sudoeste/Octogonal. Eles são da espécie Artibeus lituratus e se alimentam de frutas, folhas e insetos, não representando uma ameaça direta a outros animais.
Segundo a SES (Secretaria de Saúde), 4.283 atendimentos foram registrados para tratamento antirrábico no DF este ano, sendo 72% deles por ataque de cachorros. Em 2023 houve 5.761 ocorrências, entre cães, gatos, morcegos, macacos e outros.
A pasta esclarece que nem todas as pessoas que tiveram algum tipo de acidente com animais precisam de atendimento profiláxico — medidas utilizadas na prevenção ou atenuação de doenças — e afirma que, muitas vezes, é necessário apenas que o animal em questão seja observado. A SES ressalta que, em caso de suspeita, é importante buscar uma unidade básica para avaliação de um profissional de saúde.
Dois infectados no DF
Só há registro de duas pessoas contaminadas com o vírus da raiva na história do DF, uma em 1978 (mordida de cachorro) e a outra em 2022. O último caso foi de um jovem que tinha entre 15 e 19 anos, e a fonte do vírus não foi identificada. Infectado em 20 de maio, os sintomas apareceram cerca de duas semanas depois, e ele morreu em 30 de julho.
A doença
A raiva é uma doença infecciosa viral aguda que é transmitida entre qualquer mamífero pela mordedura, lambedura e arranhadura de animais infectados. Ela se multiplica no local da lesão, migra para o sistema nervoso e, então, para outros órgãos, principalmente, para glândulas salivares, sendo eliminado pela saliva.
A raiva pode gerar uma encefalite aguda e leva ao óbito em quase 100% dos casos. Um animal contaminado pela doença pode se tornar agressivo — mordendo e atacando — ou triste, procurando lugares escuros. Ele mantém a boca aberta, saliva muito, recusa comida e água, tem dificuldades de engolir e perde coordenação motora.
Em caso de contato com animal que pode estar infectado, é preciso lavar a área com água e sabão e procurar uma unidade de saúde. Em caso de mordida de cães ou gatos, a Secretaria de Saúde recomenda, se for possível, que se mantenha o animal em observação por 10 dias. Caso ele adoeça, morra ou desapareça, busque imediatamente uma UBS.
Vacinação
A SES disponibiliza uma vacina antirrábica para animais durante todo o ano. Em 2024, já foram vacinados 6.177 animais domésticos. A vacinação para humanos é recomendada apenas para pessoas com risco de exposição permanente ao vírus, como:
• Médicos veterinários, biólogos, profissionais e auxiliares de laboratório de virologia e anatomopatologia para a raiva;
• Estudantes de medicina veterinária, zootecnia, biologia, técnicos agropecuários;
• Profissionais que atuam no campo na captura, vacinação, identificação e classificação de mamíferos passíveis de portarem o vírus (cães, gatos, bovídeos, equídeos, caprinos, ovinos e suínos), bem como funcionários de zoológicos e clínicas veterinárias e pet shop;
• Pessoas que desenvolvem trabalho de campo (pesquisas, investigações eco epidemiológicas) com animais silvestres (morcegos, macacos, canídeos silvestres, dentre outros); e
• Espeleólogos, guias de ecoturismo, pescadores e outros profissionais que trabalham em áreas de risco.