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R7 Brasília

Embaixador do Brasil na Nicarágua deve deixar país ainda nesta quinta-feira

Governo do ditador Daniel Ortega expulsou Breno Souza de Costa após ele não ter comparecido em agenda sandinista

Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

Nicarágua teria expulsado embaixador Breno Souza Edilson Rodrigues/Agência Senado - 21.10.2021

O embaixador brasileiro na Nicarágua, Breno de Souza da Costa, deve deixar o país ainda nesta quinta-feira (8), segundo apurou o R7. O governo do ditador Daniel Ortega expulsou o representante do Brasil após ele não ter comparecido na cerimônia de aniversário de 45 anos da Revolução Sandinista, celebrada em 19 de julho. Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria expulsado, em seguida, a embaixadora da Nicarágua em Brasília, Fulvia Patricia Castro Matus. A informação foi confirmada com fontes no Itamaraty.

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O conflito que levou às expulsões teria iniciado após o Papa Francisco ter criticado, em março, a prisão de um bispo. Na época, o presbítero se recusou ser deportado aos Estados Unidos com opositores expulsos do país, por serem considerados traidores da pátria.

O esfriamento da relação diplomática aumentou após a reclamação formal, por parte do governo de Daniel Ortega, há cerca de três semanas, ao Ministério de Relações Exteriores no Brasil. Em meio à confusão, o pedido de expulsão ao governo brasileiro era dado como certo. A decisão da Nicarágua é considerada um gesto negativo e pode acabar com a relações diplomáticas entre os dois países.

A relação entre Brasil e Nicarágua estava tensa desde que Lula determinou o congelamento dos contatos entre os países devido às perseguições de Ortega contra religiosos.


A Nicarágua, localizada na América Central, é definida como uma autocracia pelo índice V-Dem, que mede as democracias ao redor do globo. “Praticamente todas as melhorias democráticas que o país alcançou, desde 1990, não foram realizadas. Em duas décadas, o país passou de uma democracia eleitoral para o último degrau do índice”, afirma.

“Um período de deterioração democrática remonta a 2005, mas uma descida relativamente rápida para autocracia ocorreu em 2007, com o retorno ao poder de Daniel Ortega”, diz a publicação. “A qualidade das eleições diminuiu e os limites do mandato foram abolidos. O governo também eliminou partidos da oposição de disputas sérias e utilizou reformas legais para minar os controles do poder Executivo”, completou.


Quem é Ortega?

Ortega chegou ao poder pela primeira vez em 1979, quando o presidente Anastasio Somoza Debayle, que liderou o país em duas oportunidades (1967-1972 e 1974-1979), foi retirado do cargo durante a Revolução Sandinista. Antes disso, era um conhecido guerrilheiro, preso repetidas vezes por crimes que incluem um assalto à mão armada a uma filial de um banco norte-americano em solo nicaraguense.

O ditador foi solto em 1974, junto com outros prisioneiros, em troca da liberdade de rivais políticos que haviam sido sequestrados por sandinistas. Apenas em 1984, cinco anos após os sandinistas tomarem o poder e organizem uma junta governativa apenas com aliados do próprio grupo político, Ortega foi eleito presidente do país. Também na década de 1980, a Revolução Sandinista torna o governo uma frente ampla e aberta a outras vertentes da Nicarágua.


O termo sandinismo é usado para todos os grupos que evocam a figura do Augusto Sandino, que foi um líder popular da Nicarágua na década de 1930″, explica o analista internacional Gabriel Pimenta. “É um movimento político ligado à posse da terra pelos trabalhadores da terra, principalmente. Ao contrário de outros movimentos de esquerda que tem origem fabril, sindical urbana, o sandinismo está ligado a esses grupos rurais”.

Após a Revolução Sandinista e o processo da construção de uma Constituição na década de 1980, a Nicarágua voltou a realizar eleições com uma maior frequência, que culminaram na derrota de Ortega para Violeta Chamorro, em 1990. Foi apenas em 2007, 16 anos após deixar o poder, que o ditador voltou a vencer uma eleição presidencial.


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