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R7 Brasília

Enchente no RS: casos de leptospirose podem chegar a 1.600, alerta ministra da Saúde

Rio Grande do Sul tem 141 casos e cinco mortes pela doença; ministra sugere busca por atendimento logo nos primeiros sintomas

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Leptospirose é transmitida pela urina de ratos Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou nesta quarta-feira (29) que o Rio Grande do Sul pode chegar a 1.600 casos de leptospirose devido às fortes chuvas e enchentes que atingem o estado. Até o momento, o RS tem 141 diagnósticos confirmados e cinco pessoas morreram em decorrência da doença, segundo a Secretaria de Saúde gaúcha. Outros 1920 casos estão em investigação. A leptospirose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria, a leptospira, encontrada na urina contaminada de roedores, principalmente ratos.

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Devido ao cenário, Nísia pediu à população que não espere a confirmação da doença para procurar atendimento médico. “Há preocupação com leptospirose. Sempre devemos não só lamentar as mortes, mas dizer que há tratamento, e, por essa razão, recomendamos que não se espere a confirmação do diagnóstico. O tratamento se dá a partir do momento de verificação dos sintomas. É fundamental que as pessoas não se automediquem. Há estimativas de que podemos chegar a ter quatro vezes o número de casos que tivemos em 2023, quando foram registrados 400 casos no estado. Há também muita subnotificação, mas o mais importante é o alerta e essa compreensão de risco”, declarou, durante coletiva de imprensa de ministros no Rio Grande do Sul.

O desastre no estado já deixou 169 mortos e 806 feridos, segundo o balanço mais recente da Defesa Civil local, divulgado às 9h desta quarta (29). Outras 44 pessoas estão desaparecidas e 581.638, desalojadas — das quais 47.651 estão em abrigos. As forças oficiais de resgate já salvaram 77.729 gaúchos e 12.527 animais. No total, cerca de 2,3 milhões de cidadãos foram afetados pela tragédia, em 471 municípios, 94,7% do estado.

Nísia afirmou que não há falta de vacinas no RS. Também são pontos de preocupação das autoridades os casos de dengue e de síndromes respiratórias agudas graves, além da saúde mental. “A saúde mental não vai se resumir a emergências, mas sabemos que será de média e até mesmo longa duração no caso de muitas famílias. Estamos trabalhando num plano nesse sentido”, declarou.


Leptospirose

O período de incubação, ou seja, o intervalo de tempo entre a transmissão da infecção e o início das manifestações dos sinais e sintomas, pode variar de um a 30 dias e ocorre, normalmente, entre sete e 14 dias após a exposição a situações de risco. Os principais sintomas da fase inicial são febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas, com eventual ocorrência de vômitos, diarreia e tosse.

Nas formas mais graves, pode haver icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos) e há a necessidade de internação hospitalar. O paciente também pode apresentar hemorragia, meningite, insuficiência renal, hepática ou respiratória. Em caso de suspeita da doença, é necessário procurar atendimento médico imediatamente.


Acompanhamento

Há três semanas, o Ministério da Saúde recomendou que pacientes com suspeita de leptospirose no Rio Grande do Sul devem iniciar o tratamento contra a doença imediatamente, sem a necessidade de confirmação laboratorial. A orientação ocorre em razão do risco aumentado provocado pelas enchentes no estado. “Profissionais de saúde devem estar atentos a isso”, alertou a pasta, ao recomendar “notificação mais sensível” de casos suspeitos na região.

Em nota, o ministério destacou que a ocorrência de leptospirose está relacionada a condições precárias de infraestrutura sanitária e à alta infestação de roedores infectados pela doença. “Em cenários de desastres climáticos, como inundações, a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente podem facilitar a ocorrência de surtos da doença”, reforçou o comunicado.

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