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Enel e o apagão em SP: faltou preparo para eventos climáticos extremos, dizem especialistas

Reforçar a rede elétrica, informar o consumidor e planejar são pontos fundamentais para evitar problemas, dizem especialistas

Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília

Apagão em São Paulo revela falta de planejamento, avaliam especialistas Paulo Pinto/Agência Brasil - 13.10.2024

Cinco dias após as chuvas torrenciais que atingiram a capital paulista, cerca de 400 mil imóveis permanecem sem energia elétrica, de acordo com a Enel, distribuidora que atende a região metropolitana. Especialistas consultados pelo R7 destacam a necessidade de aumentar os investimentos em resiliência da rede em razão de eventos climáticos extremos, manutenção, informação ao consumidor e planejamento.

A falta de energia é causada principalmente pela queda de árvores, provocada pelos ventos de até 107,6 km/h que atingiram a região na última sexta-feira (11). Além dos impactos nas redes de baixa tensão, 17 linhas de alta tensão e 11 subestações foram desligadas durante a tempestade, gerando danos na infraestrutura e no fornecimento de energia elétrica para os paulistanos.

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A advogada e analista de relações governamentais no setor elétrico Fernanda Chiaradia da Silva sugere a criação de um plano de contingência, com equipes preparadas para responder a situações emergenciais como essa.

“Isso envolve saber como as equipes serão alocadas, como vai ser o suporte e já ter equipamentos e equipes disponíveis para isso. Quando ocorrerem esses eventos climáticos extremos, é fundamental que a organização interna permita que haja uma equipe na ponta para atender os consumidores, que acabam ficando um pouco perdidos. Outro ponto importante é criar um call center mais eficaz para essas situações”, comenta.


Um dos principais desafios em São Paulo diz respeito aos fios de energia, segundo ela. Além de compartilharem espaço com cabos de telecomunicações, eles ficam expostos nos postes, formando um emaranhado que compromete ainda mais a eficiência no fornecimento de energia.

A solução ideal, nesse caso, seria a implementação de uma rede elétrica subterrânea, como a de Brasília. No entanto, a especialista reconhece que esse é um processo demorado e complexo, especialmente em uma metrópole do porte de São Paulo, com 11 milhões de habitantes.


Sistemas mais robustos

Sobre os impactos dos eventos climáticos extremos no fornecimento de energia, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) promove debates e abriu uma tomada de subsídios para avaliar a necessidade de intervenção regulatória, para aumentar a resiliência dos sistemas de distribuição e transmissão em face desses fenômenos.

“Com a estrutura atual da rede elétrica e o aumento dos eventos climáticos extremos, continuaremos enfrentando riscos no fornecimento de energia sempre que houver uma tempestade ou situações como incêndios florestais. É um assunto bastante complexo e que exige atenção”, aponta Fernanda Chiaradia da Silva.


Wagner Ferreira, advogado especialista no setor de energia, destaca a necessidade de investimentos em tecnologia e ferramentas que ofereçam previsões mais precisas. Ele aponta que as previsões meteorológicas indicavam ventos de 50 km/h, mas isso não foi suficiente para prever os problemas enfrentados.

“Obviamente, o serviço público de energia tem relevância única. Porém, para mobilizar e ativar um plano de contingenciamento, é fundamental ter informações mais próximas e que alcancem a realidade dos eventos”, resguarda.

O especialista observa que qualquer problema local, como inundações, desabamentos e quedas de árvores, impactam os serviços públicos. Isso mostra como os diferentes órgãos responsáveis pela gestão de crises e serviços públicos são interdependentes. Para lidar com os desafios dos eventos climáticos extremos, é essencial que haja colaboração entre esses órgãos públicos.

“É preciso investir em redes e sistemas mais robustos. Porém, isso significa investimentos e tarifas. Já há um trabalho do setor focado em intensificar os investimentos em redes mais resilientes, mas esse é um processo em curso e que se resolve no médio e longo prazos”, completa.

Críticas de Silveira à Enel

Enquanto isso, o ministro de Minas e Energia, Alexandre da Silveira, tenta contornar a crise. Em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (14), o chefe da pasta criticou a concessionária e o setor de energia por reduzir a mão de obra qualificada e disse que as distribuidoras sofrerão penalidades se não melhorarem a frequência de eventos e da duração de eventos como esses.

No momento mais duro da crítica, ele disse que o planejamento da Enel foi falho e “beirou a burrice”.

“Elas serão penalizadas caso não tenham uma previsão ou planejamento necessário a evitar esse tipo de evento, porque é evidente que o mundo passa por eventos climáticos severos e que o setor de distribuição têm que se precaver no planejamento com relação a esses eventos. Não é possível esse setor ser reativo”, comentou o ministro.

A pasta determinou à Enel que o fornecimento de energia seja normalizado em três dias. A empresa havia informado que não havia prazo para que a população tivesse a energia restabelecida.

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