Após anunciar a licença do mandato como deputado federal para ficar nos Estados Unidos por tempo indefinido, Eduardo Bolsonaro estuda possibilidades para o seu futuro. Uma das opções é pedir asilo político no país.Nos Estados Unidos, podem solicitar asilo pessoas que estejam enfrentando perseguição ou tenham um fundado temor de perseguição em seu país de origem com base em pelo menos um dos cinco motivos reconhecidos pela lei de imigração dos EUA: raça, religião, nacionalidade, grupo social particular e opinião política.Especialista em direito internacional empresarial, Marcelo Godke explica que, em um momento inicial, as autoridades americanas vão identificar se Eduardo Bolsonaro entrou legalmente nos EUA e cobrar uma série de demonstrações provando uma suposta perseguição por causa de sua opinião política. “Ele precisa fazer esse pedido de asilo político dentro do prazo de 1 ano a partir do momento que ele entra nos Estados Unidos. Normalmente, as autoridades de migração emitem uma decisão dentro de até 180 dias para dizer se o processo vai continuar sendo analisado”, disse. Caso a decisão seja positiva, ele terá que aguardar o desfecho do caso, que pode demorar alguns anos para acontecer, às vezes 4 ou 6 anos, segundo Godke. O deputado teria uma espécie de proteção tripla, podendo permanecer e trabalhar em território americano, sem a possibilidade de ser deportado ao Brasil. “Até lá, é dada uma proteção para ele, e ele pode residir e trabalhar nos Estados Unidos temporariamente, até que saia uma decisão final. Normalmente, essa decisão também o protege de ser deportado de volta ao país de origem”, destacou. Segundo a advogada especialista em imigração Larissa Salvador, o Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA será responsável pela análise e julgamento do caso. Caso o pedido seja negado, “haverá a possibilidade de recorrer e apresentar o caso perante um juiz, garantindo assim uma segunda oportunidade para defesa”. Nessa terça-feira (18), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes determinou o arquivamento de um pedido para apreender o passaporte do deputado, atendendo a uma recomendação da PGR (Procuradoria-Geral da República).Na sua justificativa, Moraes alegou que a corte não pode abrir uma ação penal sem denúncia do Ministério Público. “Assim, tendo o Ministério Público requerido o arquivamento no prazo legal, não cabe ação penal privada subsidiária, ou a título originário”, disse o ministro.Nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro disse que com o afastamento vai se dedicar “integralmente e buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos”, em referência aos presos do 8 de Janeiro. O deputado alegou, ainda, ter pego o PT e Alexandre de Moraes de surpresa, já que havia voltado ao Brasil dos EUA dois dias antes da nova viagem.“Se Alexandre de Moraes quer apreender o meu passaporte ou mesmo me prender para que eu não possa mais denunciar os seus crimes nos EUA, então é justamente aqui que eu vou ficar e trabalhar mais do que nunca”, completou.O nome de Eduardo Bolsonaro vem ganhando notoriedade entre políticos dos EUA, principalmente do partido republicano, do presidente Donald Trump. Durante fórum conservador nos EUA no fim de fevereiro, o líder do país cumprimentou o deputado e chegou a citar o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Meu amigo Eduardo Bolsonaro, da Câmara dos Deputados do Brasil, obrigado. Diga alô ao seu pai. Grande família, grandes cavalheiros e grande família”, disse Trump ao se dirigir ao deputado, que estava na plateia.A permanência do político nos EUA reforça a declaração de perseguição política e abre espaço para críticas, por parte do deputado, à Justiça brasileira. Em fevereiro, por exemplo, Eduardo Bolsonaro disse à RECORD que está nos Estados Unidos para discutir a “situação do Judiciário brasileiro” com autoridades norte-americanas.Nos EUA, crimes de opinião não são considerados ofensas pela Justiça local.