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Estudantes protestam contra exoneração de vice-diretora que criticou tenente da PM

Alunos ocuparam o pátio do colégio no DF pedindo o retorno da educadora; ela alega não ter sido comunicada da exoneração

Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília

Alunos protestam contra exoneração de vice-diretora no DF
Alunos protestam contra exoneração de vice-diretora no DF Alunos protestam contra exoneração de vice-diretora no DF

Alunos do Centro Educacional 01 da Cidade Estrutural, no Distrito Federal, fizeram um protesto, nesta quinta-feira (5), em defesa da vice-diretora da instituição. A exoneração de Luciana Martins aconteceu após o vazamento de um áudio em que ela critica um tenente da PMDF (Polícia Militar). A escola adota o modelo cívico-militar e foi uma das primeiras a aderir à gestão compartilhada com a PMDF, em 2019. 

Segurando cartazes, os estudantes ocuparam o pátio do colégio. Em vídeos que circulam em grupos de WhatsApp, é possível ver os jovens fora da sala de aula, batendo palmas e citando o nome de Luciana. Algumas janelas chegaram a ser quebradas e, segundo professores que preferem não se identificar, uma educadora foi intimidada por militares. A PMDF informou que o ato foi pacífico e que acompanhou a situação. Assista:

A exoneração de Luciana Martins foi publicada no Diário Oficial do DF na terça-feira (3). Em nota, a Secretaria de Educação informou que ela foi afastada do cargo porque está sendo investigada em procedimento administrativo. No entanto, a pasta não informou se o motivo da investigação tem relação com o desentendimento com o militar.

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A educadora disse ter sido alvo de perseguição por parte de Aderivaldo Cardoso, diretor disciplinar da escola, e que a dispensa dela ocorreu sem comunicação prévia.

"Fiquei sabendo [da exoneração] pelo Diário Oficial. Só depois da publicação o diretor da regional me ligou. Pelas leis, eles teriam que motivar a decisão; eu não tenho nenhum processo disciplinar, e, se tenho, não chegou para mim. Não tive direito ao contraditório e ampla defesa", disse, afirmando que a convivência com os militares se tornou hostil nos últimos meses.

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Sobre o áudio, Luciana justifica que foi um desabafo com uma amiga e que foi gravado fora da escola. "Posso ter exagerado no áudio. Era uma conversa pessoal, no sábado de manhã, um desabafo que foi vazado, em que eu questionava as atitudes dele." 

Ela ainda alega que não é adversária da gestão militar, mas diz que existem "excessos" no tratamento dado aos estudantes. "Não culpo os policiais. Nunca fui contra [a gestão compartilhada], pelo contrário, votei favoravelmente no plebiscito que legitimou este projeto e reconheço os benefícios. Apenas não aceito tudo calada e questiono os excessos."

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O outro lado

A reportagem também procurou o tenente Aderivaldo Cardoso, que disse ter pouco contato com Luciana desde que assumiu o posto na escola, há três meses. Ele também está afastado das atividades, mas por questões de saúde. A Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal saiu em defesa do militar e disse que o fato de a educadora ter sido exonerada não tem relação com o áudio vazado.

"A professora mencionada na reportagem foi exonerada porque não se alinhava com o que a comunidade elegeu, que é o projeto das escolas militares, que foi submetido a votação, escolha e, por fim, foi implantado na Estrutural por decisão democrática da própria comunidade", diz a nota. A Polícia Civil também acompanha o caso.

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A reportagem procurou a Polícia Militar, mas ainda não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem. O CED 01 atende cerca de 1.100 estudantes dos ensinos fundamental e médio e Educação de Jovens e Adultos e foi um dos primeiros a receber o modelo de gestão compartilhada, em fevereiro de 2019.

Escolas cívico-militares

O projeto de escolas cívico-militares foi inaugurado em fevereiro de 2019 e implantado, até agora, em 15 unidades de ensino do DF, segundo o governo. Mais de 15 mil alunos da rede pública de ensino estudam nas escolas com gestão compartilhada. 

O Distrito Federal conta com dois modelos de gestão cívico-militar nas escolas. O primeiro é uma parceria entre as secretarias de Educação e de Segurança Pública, que encaminha o efetivo da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros para lidar com a área disciplinar.

Já o outro modelo é uma parceria entre o Ministério da Educação e as Forças Armadas. Das 15 escolas de gestão compartilhada, quatro seguem esse formato, em que militares da reserva desenvolvem as atividades.

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